Depois de alguns anos a utilizar o Portal para ver os fantásticos restauros que por aqui vão sendo realizados, resolvi contribuir e colocar aqui, não um restauro, mas um mini-restauro em versão fast-foward de um carro que comprei em Setembro deste ano.
O carro em questão é um Ford Escort MK1 com a cilindrada de livrete é 1297 cc. , que foi restaurado em 2000 e preparado nessa altura para competição de velocidade tendo participado no campeonato nacional de velocidade conduzido pelo Pedro Vera Cruz.
Uma curiosidade foi a publicação na revista TURBO em 2003 de um comparativo entre este carro e Ford Focus RS que se transcreve:
Comparativo Ford Focus RS/ Ford Escort RS 2000
28/ Fevereiro/2003 17:50
Três décadas separam o Escort do Focus, mas a sigla RS junta-os numa herança desportiva que continua bem viva.
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Os carros que fazem a história do mundial de ralis são uma versão revista e aumentada de modelos de série. Com três décadas a separar o Ford Escort do Focus, é a mítica designação RS a juntá-los numa herança desportiva que continua bem viva.
Passados 30 anos, o Ford Escort RS 2000 voltou às estradas do saudoso Rali de Portugal na serra de Sintra para um confronto de gerações com o novo Focus RS.
A mítica sigla RS (Rally Sport) faz a ligação entre o modelo que lançou a Ford no mundial de ralis – Graham Hill, duplo campeão do Mundo de F1, foi o primeiro piloto a conduzir o RS 1600, no final de 1969 – e o novo Focus RS, uma versão civil do World Rally Car (WRC).
Traços de WRC
À luz da actual regulamentação, os WRC são autênticas bombas de estrada que têm por base modelos de série cuja produção atingiu 25.000 unidades/ano, e das quais 2.500 unidades devem medir, no mínimo, quatro metros de comprimento. Bem diferente, portanto, da época do Escort RS 2000, em que bastavam 1000 unidades para homologação em grupo 2, como sucede com o carro que tivemos a oportunidade de experimentar e pertencente a Pedro Vera Cruz.
Não admira que as enormes jantes de 18 polegadas, o avantajado guarda-lamas dianteiro, a “asa” traseira e a larga saída de escape dêem ao Focus RS um ar de WRC. Só falta mesmo o número nas portas...
O interior não deixa dúvidas que foram feitos a pensar em altos voos. Mesmo pertencendo a épocas diferentes, é curioso verificar que não são tão dispares como parece à primeira vista. Recuando no tempo, o Escort RS 2000 apresenta-se despido de qualquer revestimento e brinda-nos com uma “bacquet” Sparco de competição, cintos de quatro apoios OMP, arco de segurança (roll bar) e uma instrumentação composta por conta-rotações, velocímetro e manómetros da pressão do óleo e da temperatura da água. Dando um salto de 30 anos, o Focus RS responde com a assinatura da Sparco nas “bacquets”, nos pedais, no comando da caixa em alumínio e no travão de mão.
Os dois carros têm um motor de quatro cilindros de 2.0 litros, mas essa é a única semelhança que existe a nível mecânico. A primeira grande diferença não se sente, ouve-se. Enquanto no Focus RS o ruído rouco do 4 cilindros é cortado pelo silvo do turbo nas acelerações mais violentas, no Escort RS 2000 a aspiração dos dois carburadores duplos Weber e o escape de competição soltam uma sonoridade grave que é “música” para os ouvidos dos amantes dos ralis.
O conhecido bloco Duratec, que na versão atmosférica debita 136 CV, surge vitaminado no Focus RS com a introdução do turbocompressor Garrett (pressão máxima de 1 bar) que eleva a potência para 215 CV.
A mais valia deste motor está na disponibilidade e capacidade de
resposta sempre que é solicitado, praticamente não se sente inércia do turbo, uma vez que a válvula de recirculação mantém o turbo em rotação quando se tira o pé do acelerador. A grande elasticidade permite coisas tão simples como andar em 5ª, às 1000 rpm, sem que o motor se engasgar. Ao acelerar com vigor a potência aparece de forma progressiva até as 3500, altura em que se obtém o binário máximo de 310 Nm, sentindo-se depois um disparo até às 6000 rpm. É então que aparece no conta-rotações um “led” a avisar que está na altura de passar para a mudança superior.
O motor “Pinto” do Escort RS 2000 foi cuidadosamente preparado em Inglaterra, na HT Racing, e viu a potência aumentar para 200 CV, o dobro da versão de série! É um motor pontudo, que pega acima das 3500 rpm, pelo que recuperações é coisa que não existe, e só entre as 5000 rpm e as 7000 rpm se sente verdadeiramente a potência. A disponibilidade do motor é inversa à forma como acelera, quer isto dizer que a margem de utilização é curta e encontra-se nos altos regimes. Tratando-se de um carro de competição, mais verdadeiro não podia ser.
Com personalidade
O Focus ST 170 tinha deixado boa impressão, e a versão RS
confirmou que se trata de um excelente chassis. A suspensão, do tipo McPherson à frente e eixo multilink atrás, recebe amortecedores mais duros da Sachs Racing, que travam os movimentos de carroçaria, permitindo curvar bastante depressa e em segurança, mesmo com o carro em apoio. A estabilidade com que ultrapassa as zonas rápidas e a forma como mantém a trajectória deve-se às vias mais largas (muito próximas das do Focus WRC), ao reforço dos pontos de fixação das suspensões, às barras estabilizadoras de maior diâmetro e, claro, aos largos pneus 225/40 montados em jantes Oz Racing de 18 polegadas!
Questão de feitios
No entanto, em percursos sinuosos a geometria do eixo dianteiro, com um camber negativo, e o diferencial autoblocante Quaife fazem com que o eixo dianteiro seja caprichoso à saída de curvas fechadas, evidenciando um comportamento demasiado subvirador. Podemos mesmo dizer que o eixo traseiro é mais estável que as rodas dianteiras, o que é pouco ortodoxo num carro de tracção à frente. É precisamente neste tipo de situações que observam perdas de motricidade importantes, apesar da gestão electrónica do motor aliviar o binário sobre as rodas motrizes nas duas primeiras velocidades.
A suspensão do Escort RS 2000 é de rodas independentes com braços oscilantes à frente e de eixo rígido atrás, com amortecedores Bilstein a endurecem os dois eixos. Embora a suspensão seja mais elaborada do que nos carros de série, a motricidade é menor em estradas irregulares, mas em bom piso é equilibrado, mostrando-se estável em mudanças bruscas de apoio. Num carro de tracção traseira com 200 CV equipado com pneus que não eram os mais adequados (Pirelli 185/55 R13), cada aceleração mais forte dava direito a uma bela derrapagem à saída de curvas apertadas, muito pelo efeito do autoblocante Salsiburg. Mas bastava contrabrecar e dosear o acelerador para controlar a perda de aderência das rodas traseiras.
O Focus RS conta com uma direcção bem assistida e mais desmultiplicada, sendo fácil colocar o carro em curva.
Já a direcção do Escort RS 2000 é directa e pesada, parece colada à estrada. Isso permite colocar o carro com grande precisão, muito perto da sensação de um monolugar, mas obriga também a um maior esforço muscular. Em curvas rápidas, a força para segurar o volante obriga a ter mãos de aço, da mesma forma que o poder direccional exige alguma atenção para manter a direccionalidade em piso irregular.
A caixa de cinco velocidades do Focus RS é rápida, precisa e curta, como deve ser num desportivo. Já a caixa de quatro velocidades do Escort RS 2000 é rude e seca, ouvindo-se o tradicional “claque” em cada troca de mudança, depois de pisar a fundo a embraiagem, também dura. Esta caixa tem a vantagem de permitir trocas de mudança rápidas, não havendo tempos mortos, nem quebras importantes de rotação. Competição a quanto obrigas!
A capacidade de travagem do Focus RS é bastante boa, graças aos travões de disco Brembo, ventilados à frente. Mas para tal é preciso saber travar, isto é, pressionar o pedal com força, pois a primeira sensação é que trava mal. O ABS está bem doseado, não interferindo numa condução desportiva. O mesmo se passa no Escort RS 2000, cujo pedal do travão é duro e tem um curso pequeno de modo a optimizar a tarefa do piloto em travagens limite.
Essência desportiva
Os 30 anos que separam os dois carros demonstram a evolução que houve na concepção de um automóvel. O Focus RS é um tudo à frente, com motor turbo, enquanto que o Escort RS 2000 segue a tendência da época com motor atmosférico colocado à frente e tracção traseira. O Focus RS é um carro que se conduz sem licença desportiva, ao contrário do Escort RS 2000. Isso leva-nos a pensar no gozo que deveriam ter os habilidosos e talentosos pilotos dos anos 70 ao percorrer as classificativas de Sintra com o RS 2000...
O carro foi vendido em 2006 para Lisboa ao Carlos Pereira para participar em ralis de regularidade sport, tendo sofrido várias alterações ao nível de motor e de suspensão para cumprir esta função, uma vez que tanto o motor como a suspensão estavam preparados para velocidade. O carro já com esta configuração participou por exemplo nas 500 Milhas ACP de 2010.
Depois de algum tempo à procura de um MK1 para participar em ralis de regularidade pareceu-me que este tinha as características que eu procurava e depois de o comprar resolvi fazer uma “pequena” intervenção:
Motor e caixa fora:
A caixa original era uma caixa de 4 velocidades que foi trocada por um Type 9 da Tran-X com dentes direitos:
O motor já tinha algum nível de preparação:
Mas resolvi melhorar a preparação do motor, a cabeça foi trabalhada, foram colocadas válvulas de maiores dimensões e uma árvore de cames mais puxada da Kent Cams:
Ajustamento dos colectores de admissão e de escape:
Gostei de ver o Mk2 azulinho no 24h( sou o co-piloto do 2002 laranja e preto na comitiva/caravana marinhense para o 24h). Tenho pena de não ter tido mais tempo para o ver com mais detalhe.
De facto as diferenças entre os RS de "ontem" e de hoje são grandes, mas há muitas, muitas, semelhanças.
A suspensão também foi melhorada tendo sido aplicada na frente:
• escort mk1 gr4 coilover
• bilstein front insert 300/70 long - tarmac spec
• coilover spring 2.25" id x 10.5" long x 250lbs
• Bilstein Coilover Helper Springs
• adjustable tcas with spherical joints
• escort rs alloy top mount - eccentric
• compression strut kit adjustable in-situ
• anti-roll bar kit 16mm with drop links
e atrás:
• English axle com LSD Quaife
• Turrent
• Gaz rear coilover
• Spring 10.5" long 21/4"ID 75 LBS (helping spring)
• Rear leafs 1,5” decambered
• 1,5” lowering blocks
• Panhard bar
Lindo Belo trabalho realizado!
Os meus parabéns não só por este mas pelo trabalho do mk2 que já tive oportunidade de o ver na rampa da figueira da foz.
abraço
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