Ford Ford Cortina Mk2 1300 Deluxe

Ford Cortina Mk2 1300 Deluxe de 1967. É um série 1 pre-crossflow, com mudanças ao volante e bancos corridos.
Diários de Bordo

Ford Ford Cortina Mk2 1300 Deluxe

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Santos António

Santos António

Veterano
Pronto, já rola de novo. Mas não estou contente. E não é que me fizeram pagar o arranjo do radiador? Com essa eu não contava, uma vez que ele tinha sido arranjado à pouco tempo, mas com a desculpa que o rearranjo tinha custado dinheiro, e a mão de obra e etc e bla bla bla, são 30€ para veres se nunca mais cá vens. O que me parece uma boa estratégia, se arranjar outro dr de confiança e que fique perto de casa. São duas comodidades que pelos vistos se pagam caras.
Ou então aprendo a meter as mãos na massa...
 
Última edição:

António Barbosa

Red Line
Portalista
As mãos nessa massa (reparar um radiador) poucos metem. As histórias continuam excelentes, essa (pequena) avaria podia ter sido bem mais chata se tivesse sido no meio da serra.
 
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Santos António

Santos António

Veterano
Capítulo XVI

Ele há coisas levadas da breca!
Imaginem só o que havia de me passar pela cabeça: ia a sair de casa para ir trabalhar de manhã, como em qualquer quarta-feira dia da mulher que calhe a 8 de Março, quando, já do lado de fora, pensei assim:
- E se levasse hoje o Elefante para o emprego?
Pensei mais um bocadinho e percebi que estavam reunidas as condições: ia com tempo, voltava cedo, o dia estava excelente, sem chuva, sol abrasador ou auroras boreais, e o Elefante Branco ainda tinha alguma gasolina. Além disso até tinha prometido trazer de volta uma colega (aqui no Algarve somos ecologicamente conscientes, fazemos carpooling, por causa do buraco do ozono), o que me permitiria armar em playboy connoisseur e coleccionador de viaturas históricas e clássicas. Além disso ela até já tinha ouvido falar no carro e mostrara-se curiosa quanto a ele, porque o pai também tinha tido um Cortina (é espantosa a quantidade de pais que tiveram Cortinas) e ela tinha recordações nostálgicas de em criança dar cambalhotas nos bancos corridos do Cortina.
Enfim, reunidas as condições cosmológicas necessárias, tirei o carro da garagem, abri os vidros e lá fui, nacional 125 afora, empatando o trânsito ao longo de 15km de traço contínuo, sem nunca ultrapassar os 60 km/h, com medo que saltasse alguma peça que pudesse danificar os outros automóveis. Todos os condutores que circulavam numa longa fila atrás de mim, me agradeceram esse cuidado, fazendo sinais de luzes ou buzinando (talvez esteja exagerando um pouco, não muito).
15 km depois, uma estreia para o Elefante: uma autoestrada! Primeiro a subir, sem esforço, em 4ª velocidade, e depois a descer, sem esforço, que não confio nos travões, e finalmente numa recta plana. Aqui decidi soltar os cavalos. Todos os 40! Enfim, talvez apenas uns 34, não acelerei a fundo, nem durante muito tempo. Deixei-o ir até aos 120 km/h (que loucura) sempre controlando pelo retrovisor se alguma das tais peças não ficava na A22. Aguentou-se bem, e poderia ter puxado um pouco mais, mas ficará para quando tiver pressa. Nada de negativo a assinalar, a não ser os barulhos aerodinâmicos. Depois deixei a AE e começou a serra. Não é óbice para o poderoso Ford Cortina. Sempre em 4ª velocidade, num passo tranquilo mas regular, deixei todo o trânsito para trás (tinham ficado na 125, daí para a frente não vi mais ninguém) subi tudo até ao topo sem qualquer queixume, nem sequer alterações na respiração ou no regime do motor. A descida também foi tranquila, e só à chegada ao destino vi alguns carros. Estacionei tranquilamente, e pela primeira vez tranquei as portas. O Elefante Branco ficou sozinho, num ermo, à minha espera.
Depois do almoço, foi altura de trazer a colega, que se mostrou muito elogiosa quanto à minha máquina. Confirma-se que é "muito engraçado", mas não era bem este modelo que o pai tinha, era o anterior. Pensei sugerir umas cambalhotas no banco de trás "for old times' sake", mas como sou um cavalheiro, abstive-me. Além disso os estofos são novos... Mas mostrou-se apreciadora e agradada. Eu confesso que fiquei um pouco desapontado com as minhas aptidões de playboy connoisseur e coleccionador de viaturas históricas e clássicas, que deram tão poucos resultados (nada de cambalhotas), mas ainda tivemos tempo para parar num café à beira da estrada e tomar uma mini, à soalheira. Neste entretanto atracou no mesmo estabelecimento um sr num desportivo Alfa 4C, vermelhinho e brilhante (certamente um playboy connoisseur e coleccionador de viaturas desportivas), que contemplou longamente o meu Ford Cortina, a pontos de lhe eu lhe perguntar se queria trocar. Sucedeu que não estava interessado, porque também tinha um Ford Cortina MK2, embora estivesse ainda à espera de ser restaurado. Mas mostrou-se conhecedor e apreciador e eu fiquei esperançado de um dia ver pelas redondezas um primo da minha Tina.
Daqui para a frente foi só subir a serra e tornar a descê-la, sempre com tranquilidade, com muita tranquilidade, e apreciar a condução lânguida que o Cortina proporciona, além do conforto inultrapassável dos bancos corridos de espuma. Um dia vou tornar a levá-lo para o trabalho.
Sou agora oficialmente um "utilizador de clássicos no dia-a-dia".
 

João Luís Soares

Pre-War
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Delegado Regional
Portalista
Capítulo XVI

Ele há coisas levadas da breca!
Imaginem só o que havia de me passar pela cabeça: ia a sair de casa para ir trabalhar de manhã, como em qualquer quarta-feira dia da mulher que calhe a 8 de Março, quando, já do lado de fora, pensei assim:
- E se levasse hoje o Elefante para o emprego?
Pensei mais um bocadinho e percebi que estavam reunidas as condições: ia com tempo, voltava cedo, o dia estava excelente, sem chuva, sol abrasador ou auroras boreais, e o Elefante Branco ainda tinha alguma gasolina. Além disso até tinha prometido trazer de volta uma colega (aqui no Algarve somos ecologicamente conscientes, fazemos carpooling, por causa do buraco do ozono), o que me permitiria armar em playboy connoisseur e coleccionador de viaturas históricas e clássicas. Além disso ela até já tinha ouvido falar no carro e mostrara-se curiosa quanto a ele, porque o pai também tinha tido um Cortina (é espantosa a quantidade de pais que tiveram Cortinas) e ela tinha recordações nostálgicas de em criança dar cambalhotas nos bancos corridos do Cortina.
Enfim, reunidas as condições cosmológicas necessárias, tirei o carro da garagem, abri os vidros e lá fui, nacional 125 afora, empatando o trânsito ao longo de 15km de traço contínuo, sem nunca ultrapassar os 60 km/h, com medo que saltasse alguma peça que pudesse danificar os outros automóveis. Todos os condutores que circulavam numa longa fila atrás de mim, me agradeceram esse cuidado, fazendo sinais de luzes ou buzinando (talvez esteja exagerando um pouco, não muito).
15 km depois, uma estreia para o Elefante: uma autoestrada! Primeiro a subir, sem esforço, em 4ª velocidade, e depois a descer, sem esforço, que não confio nos travões, e finalmente numa recta plana. Aqui decidi soltar os cavalos. Todos os 40! Enfim, talvez apenas uns 34, não acelerei a fundo, nem durante muito tempo. Deixei-o ir até aos 120 km/h (que loucura) sempre controlando pelo retrovisor se alguma das tais peças não ficava na A22. Aguentou-se bem, e poderia ter puxado um pouco mais, mas ficará para quando tiver pressa. Nada de negativo a assinalar, a não ser os barulhos aerodinâmicos. Depois deixei a AE e começou a serra. Não é óbice para o poderoso Ford Cortina. Sempre em 4ª velocidade, num passo tranquilo mas regular, deixei todo o trânsito para trás (tinham ficado na 125, daí para a frente não vi mais ninguém) subi tudo até ao topo sem qualquer queixume, nem sequer alterações na respiração ou no regime do motor. A descida também foi tranquila, e só à chegada ao destino vi alguns carros. Estacionei tranquilamente, e pela primeira vez tranquei as portas. O Elefante Branco ficou sozinho, num ermo, à minha espera.
Depois do almoço, foi altura de trazer a colega, que se mostrou muito elogiosa quanto à minha máquina. Confirma-se que é "muito engraçado", mas não era bem este modelo que o pai tinha, era o anterior. Pensei sugerir umas cambalhotas no banco de trás "for old times' sake", mas como sou um cavalheiro, abstive-me. Além disso os estofos são novos... Mas mostrou-se apreciadora e agradada. Eu confesso que fiquei um pouco desapontado com as minhas aptidões de playboy connoisseur e coleccionador de viaturas históricas e clássicas, que deram tão poucos resultados (nada de cambalhotas), mas ainda tivemos tempo para parar num café à beira da estrada e tomar uma mini, à soalheira. Neste entretanto atracou no mesmo estabelecimento um sr num desportivo Alfa 4C, vermelhinho e brilhante (certamente um playboy connoisseur e coleccionador de viaturas desportivas), que contemplou longamente o meu Ford Cortina, a pontos de lhe eu lhe perguntar se queria trocar. Sucedeu que não estava interessado, porque também tinha um Ford Cortina MK2, embora estivesse ainda à espera de ser restaurado. Mas mostrou-se conhecedor e apreciador e eu fiquei esperançado de um dia ver pelas redondezas um primo da minha Tina.
Daqui para a frente foi só subir a serra e tornar a descê-la, sempre com tranquilidade, com muita tranquilidade, e apreciar a condução lânguida que o Cortina proporciona, além do conforto inultrapassável dos bancos corridos de espuma. Um dia vou tornar a levá-lo para o trabalho.
Sou agora oficialmente um "utilizador de clássicos no dia-a-dia".

Brilhante, mais uma vez!

Continuação de bons tempos com o Cortina, muitas voltas e idas para o trabalho e cuidado com as camb... cambiantes da meteorologia, pois claro!
 

Eddie mc

YoungTimer
Grande António, mais uma vez belos textos ilustram uma história que tenho acompanhado de perto. Espero que leves o Elefante mais vezes para o emprego e o estaciones perto do meu.
 
OP
OP
Santos António

Santos António

Veterano
Capítulo XVII

Ora cá estou eu para dar notícias do meu Elefante Branco. Sucede que nada sucede. Ou sucede muito pouco. Embora não esteja votado à imobilidade total, está longe de levar uma utilização intensiva de familiar viajado ou utilitário entregador de pizzas. Sai de vez em quando, dá uma voltinha, exibe-se perante os estrangeiros, que olham para ele como se na terra deles não houvesse nenhum, e volta para a casota à espera de nova oportunidade.
E contudo...
Bem, contudo tem uma pequena, ligeira, insignificante avaria: faz xixi no chão. A princípio cuidei que fosse o malfadado radiador mal consertado (apesar dos 30€), mas uma consulta rápida do Sr. Dr. diagnosticou um vedante (ou o-ring, não se sabe bem) que não veda (ou o-ringa) em condições. Situa-se o espécime no selector da caixa de velocidades (se tal coisa existe, e tem vedantes, já não tenho a certeza se ouvi bem), e deixa a dita caixa toda lambuzada e uma pocinha no chão da garagem. É aborrecido, porque o chão fica sujo, e eu não sei se o líquido lá derramado não fará falta dentro do carro, pelo que ando pouco e apreensivo, mas em princípio não se gastará completamente, pelo que não antecipo complicações desastrosas. E contudo continuo apreensivo e incomodado. Como sempre, a dificuldade está em acertar com a peça correcta. Como não se sabe se é um vedante ou um o-ring, e muito menos as medidas exactas, estou à espera de oportunidade para desmontar a parte lesionada do chaveco e descobrir ao certo do que se trata. Uma inspecção cuidada ao meu infalível manual Haynes Ford Cortina MK II (all models (except Lotus) 1966 to 1970) revelou uma foto expandida da caixa:

17192311_10208989116193765_4736738655412003345_o.jpg

Revelou também que "all models" é um bocado optimista, porque o meu modelo tem mudanças ao volante e este não, o que o torna diferente, particularmente no sítio onde verte. E portanto inútil.
Enfim, lá vai andando, ainda não parou, nem deita fumos estranhos nem faz barulhos demasiado suspeitos.
Ganhou também uma nova casa. Tem agora um estábulo dedicado, onde pode ficar confortavelmente sozinho, a fazer xixi no chão. 13380003.JPG

Por outro lado, fica um bocado sozinho, já não está aqui ao pé da mão. Agora com o bom tempo, é mais prático ter aqui o jipe, para ir à praia ou ao campo. E também é mais fresquinho.
Outra novidade foi o auto-rádio:
13370001.JPG

É amovível... As próximas aquisições serão um galhardete do Benfica para pendurar no espelho, e um cãozinho que abane a cabeça para pôr na chapeleira. Eventualmente uma fita anti-estática para prender no para-choques de trás.
 

Anexos

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António Barbosa

Red Line
Portalista
Capítulo XVII

Ora cá estou eu para dar notícias do meu Elefante Branco. Sucede que nada sucede. Ou sucede muito pouco. Embora não esteja votado à imobilidade total, está longe de levar uma utilização intensiva de familiar viajado ou utilitário entregador de pizzas. Sai de vez em quando, dá uma voltinha, exibe-se perante os estrangeiros, que olham para ele como se na terra deles não houvesse nenhum, e volta para a casota à espera de nova oportunidade.
E contudo...
Bem, contudo tem uma pequena, ligeira, insignificante avaria: faz xixi no chão. A princípio cuidei que fosse o malfadado radiador mal consertado (apesar dos 30€), mas uma consulta rápida do Sr. Dr. diagnosticou um vedante (ou o-ring, não se sabe bem) que não veda (ou o-ringa) em condições. Situa-se o espécime no selector da caixa de velocidades (se tal coisa existe, e tem vedantes, já não tenho a certeza se ouvi bem), e deixa a dita caixa toda lambuzada e uma pocinha no chão da garagem. É aborrecido, porque o chão fica sujo, e eu não sei se o líquido lá derramado não fará falta dentro do carro, pelo que ando pouco e apreensivo, mas em princípio não se gastará completamente, pelo que não antecipo complicações desastrosas. E contudo continuo apreensivo e incomodado. Como sempre, a dificuldade está em acertar com a peça correcta. Como não se sabe se é um vedante ou um o-ring, e muito menos as medidas exactas, estou à espera de oportunidade para desmontar a parte lesionada do chaveco e descobrir ao certo do que se trata. Uma inspecção cuidada ao meu infalível manual Haynes Ford Cortina MK II (all models (except Lotus) 1966 to 1970) revelou uma foto expandida da caixa:

Ver anexo 1077537

Revelou também que "all models" é um bocado optimista, porque o meu modelo tem mudanças ao volante e este não, o que o torna diferente, particularmente no sítio onde verte. E portanto inútil.
Enfim, lá vai andando, ainda não parou, nem deita fumos estranhos nem faz barulhos demasiado suspeitos.
Ganhou também uma nova casa. Tem agora um estábulo dedicado, onde pode ficar confortavelmente sozinho, a fazer xixi no chão. Ver anexo 1077539

Por outro lado, fica um bocado sozinho, já não está aqui ao pé da mão. Agora com o bom tempo, é mais prático ter aqui o jipe, para ir à praia ou ao campo. E também é mais fresquinho.
Outra novidade foi o auto-rádio:
Ver anexo 1077540

É amovível... As próximas aquisições serão um galhardete do Benfica para pendurar no espelho, e um cãozinho que abane a cabeça para pôr na chapeleira. Eventualmente uma fita anti-estática para prender no para-choques de trás.
Já apanhei uma outra coisa em falta nos manuais da Haynes, mas essa é grosseira... Provavelmente só no elevador do "tal Doutor não das dúzias mas sim médico prefeito" é que vais ter um diagnóstico decente.
 
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Santos António

Santos António

Veterano
Já apanhei uma outra coisa em falta nos manuais da Haynes, mas essa é grosseira... Provavelmente só no elevador do "tal Doutor não das dúzias mas sim médico prefeito" é que vais ter um diagnóstico decente.
O diagnóstico está feito, veremos se se confirma. Está à espera de oportunidade e t€mpo. Cá em casa tudo avaria, não há pressa para carros de fim de semana. Quanto ao Haynes, tenho pouca experiência, mas a verdade é que quando precisei, falhou. Recomendaram-me o Ford workshop manual, mas não deve abundar nas bancas locais.
 

afonsopatrao

Portalista
Portalista
O diagnóstico está feito, veremos se se confirma. Está à espera de oportunidade e t€mpo. Cá em casa tudo avaria, não há pressa para carros de fim de semana. Quanto ao Haynes, tenho pouca experiência, mas a verdade é que quando precisei, falhou. Recomendaram-me o Ford workshop manual, mas não deve abundar nas bancas locais.
Costumo usar um site chamado "Bookfinder": BookFinder.com: New & Used Books, Rare Books, Textbooks, Out of Print Books
Permite localizar qualquer livro em livrarias on-line, novos e usados, e calcula os portes para Portugal. Tenho conseguido verdadeiras pechinchas! Boa sorte.
 
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Santos António

Santos António

Veterano
Capítulo XVIII

Serve o presente capítulo para assinalar o quinquagésimo aniversário do menino. É verdade: 50 aninhos, marcados a partir da data de matrícula cuidadosamente registada no Documento Único (doravante referido como DU) e cumpridos no passado dia 2 de Junho. Acontece que nesse dia eu estava fora, e o Elefante estava dentro, pelo que não nos encontrámos nesse dia, com muita pena minha, e se calhar, dele. Todavia, a efemeridade não me passou despercebida e não apenas lhe trouxe diversas prendas na forma de adereços usados (as quais me custaram os olhos da cara, mesmo velhas e estragadas) como convidei os amigos para a festa de aniversário. Naturalmente, os amigos eram meus, ele não tem nenhuns, excepto eu, que lhe compro prendas caras e velhas. Para quem tiver curiosidade, as prendas a que me refiro são um par de piscas menos velhos estragados e descoloridos do que os que apresenta actualmente, um emblema frontal da apropriada cor vermelha, porque o que ostenta não tem cor nenhuma, um par de frisos menos riscados e amolgados que aqueles que tem, e ainda... E AINDA... uma fantástica grelha menos amolgada do que a sua, embora partida e portanto inútil. Não sei se poderá ser soldada, ou se valerá a pena. upload_2017-6-11_15-20-24.png Espero que com estes adereços, os quais algum dia serão devidamente instalados nos locais adequados, depois de lavados, enxaguados e polidos, o Elefante fique com melhor cara.
No domingo foi dia de festa. Tirei o bicho do buraco, demos uma voltinha pela cidade, para tirar o pó, e fomos ter com os amigos (os meus) com os quais festejámos alegremente o aniversário. Na impossibilidade de arranjar 50 velas, comprei 50 minis e passámos uma tarde alegre entre minis, pratos de moelas e chouriço assado. Não sei se o Elefante gostou, mas foi um aniversário alegre, e quanto mais o tempo passava e as minis desapareciam mais alegre era, até que aí pela 1 da manhã a alegria era tão grande que até os vizinhos quiseram participar, embora talvez não da maneira mais construtiva. Devo ressalvar que tenho amigos pouco solidários e compreensivos, os quais acharam que as 50 minis para os 50 anos eram uma ideia estranha, e que por isso resolveram juntar umas garrafas de vinho, as quais, embora não fossem 50 e tivessem indubitavelmente contribuído para a alegria da ocasião, desequilibraram a conta da 1/2 centena. upload_2017-6-11_15-17-0.png
Enfim, chegada a hora adequada cantámos os parabéns ao feliz quinquagenário, e quando me preparava para apagar as 50 velas com uma bufadela do tubo de escape, reparei que que não tinha velas nenhumas, excepto as do motor, pelo que esse momento alto da comemoração ficou adiado para o sexagésimo aniversário. Daqui até lá não vai haver mais comemorações porque ainda me dói a cabeça.
 

Anexos

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António José Costa

Regularidade=Navegação, condução e cálculo?
Portalista
Pode andar pouco, mas tem charme e a leitura é sempre excelente.
Parabéns ao Cortina, e ao proprietário também!
 
OP
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Santos António

Santos António

Veterano
Capítulo XIX

O Elefante Branco teve um AVC.
Embora não tenha feito alarde disso aqui no portal, o bichinho tem dado uns passeios ao domingo, apenas umas voltinhas aqui pela cidade, de vez em quando. Apenas para ter a certeza que ainda mexe, uma espécie de hidroginástica para Elefantes Brancos. Beber um cafezinho, fazer uma compra ou outra, enfim, apenas esticar as pernas, nada merecedor de um capítulo nesta epopeia. E nem sequer são passeios frequentes, é só quando o rei faz anos. Nenhuma viagem de monta, nem competição desportiva de renome.
Ora acontece que cada vez que o ponho a trabalhar, faz uma fita medonha, não quer pegar, engasga-se, vira-se para o outro lado e deixa-se ficar. É preciso insistir diversas vezes até que se resolva a trabalhar. Tal carro tal dono, comigo sucede o mesmo sempre que oiço falar em trabalho. Até já estava habituado a este protocolo e nem o estranho. Vou sempre 10 minutos mais cedo para o cumprir. Todavia, num belo dia em que não precisava de ir a lado nenhum, aí pela 4ª vez que dei à chave, o motor de arranque não parou de trabalhar. Apenas o motor de arranque, o carro não pegou. Apanhei um susto, tal a barulheira, parecia que estava a esfolar um gato, e desliguei imediatamente a chave. Continuou. Tirei a chave, e não parou. Tornei a pôr, dei à chave, tornei a tirar e aquele arranhar medonho continuava. Enfim, lá me resolvi a abrir o capot e desligar a bateria, o que ainda demorou um bocado, pois tive que procurar uma chave para desapertar os parafusos da bateria. Mas calou-se. Desligando a bateria, não fazia barulho nenhum. Fiquei muito contente. Fazendo uso dos meus conhecimentos de informática, lembrei-me que em 80% dos casos, desligar e tornar a ligar um computador resolve os problemas gravíssimos de que frequentemente padecem, e resolvi aplicar esta técnica ao Ford Cortina. Liguei cuidadosamaente um borne, depois o outro, e PUM!, deu um estalo que me tirou 4 anos de vida, com o susto. Juntamente com o estalo, uma faísca forte e um fumozinho azul. Tal como acontece às vezes no computador. Achei estranho, mas supus que tivesse sido um mau contacto, portanto tentei de novo. Outro estalo, outra faísca, e mais fumo. Sentei-me um bocadinho a respirar fundo e a regularizar o ritmo cardíaco, e depois fui ver se haveria algum fio encostado a qualquer sítio suspeito. Não vi nenhum, por isso tornei a tentar. Estalo, faísca, fumo. Por esta ordem. Já começava a achar graça aquilo, fazia-me lembrar o carnaval. Aquilo a que não achei graça foi a ter o carro outra vez avariado. Andei de volta dele um bocado, a fazer contas à vida e sem saber muito bem o que fazer, mas na realidade não havia muito a fazer: fui consultar o Sr. Dr.. Mostrou-se algo agastado, mas não completamente surpreendido. Pelos vistos já lhe tinha feito uma vez uma parte semelhante, quando ainda estava internado, mas como nunca mais sucedeu, deixou rolar. Sugeriu que empurrasse gentilmente o carro para trás e para a frente, com uma mudança engrenada, para tentar soltar fosse o que fosse que tinha ficado preso (ele deu-lhe um nome, mas não era nenhum daqueles que eu já tinha chamado ao bicho, entretanto esqueci-o).
No dia seguinte lá fui eu experimentar a receita. Fiz-me acompanhar de um amigo que é praticamente mecânico, acho que uma vez mudou o óleo ao carro dele, o que o põe numa categoria muitos furos acima da minha, e levei a cabo a experiência sugerida. Andei com o carro para dentro e fora da garagem umas poucas de vezes, já parecia o Quim Barreiros, até achar que já chegava. Embora não tivesse notado qualquer alteração, lá liguei um borne, depois o outro, e... Estalo, faísca, fumo. Não fiquei nada animado. Entretanto o meu amigo ia olhando para dentro do motor, com ar de entendido, fazendo notar que aquilo ali era o motor de arranque, e outros comentários técnicos, e reparando que um fio que ligava a uma coisa que nem ele nem eu sabemos para que serve estava mal apertado. Como mecânico experimentado, agarrou imediatamente numa chave de fendas e num alicate, e apertou devidamente o fio. Depois virou-se para mim com ar confiante e disse-me para experimentar de novo. Agarrei no cabo, cheguei-o ao borne da bateria e... nada aconteceu. Olá! Nem estalo nem faísca nem fumo? Ele ficou todo inchado com a reparação, mas eu fiquei convencido que tinha dado cabo da bateria de uma vez por todas. Pelo sim pelo não, sentei-me atrás do volante, dei à chave e ele arrancou suavemente à primeira! Nem se engasgou, nem soluçou, nem se fez rogado. Parecia um carro novo. Já nem pensei duas vezes: tirei-o imediatamente da garagem, desta vez sem ser de empurrão e fomos imediatamente dar o passeio que estava agendado para 2 dias antes. Parámos diversas vezes, e de todas elas voltou a arrancar com muita prontidão e boa vontade. Fiquei tão contente que até lhe meti gasolina, com aditivo e tudo. Aliás, foi tal o entusiasmo, que quando fui fazer contas à quantidade de aditivo que tinha que adicionar, olhei para os euros em vez de olhar para os litros e exagerei no aditivo. Espero que não lhe dê cólicas.
E pronto, já rola de novo. Veremos por quanto tempo. Não deve ser muito, porque continua a verter líquidos de diversos sítios, e antes que se esgotem dentro de algum sistema que faça falta, é provavelmente melhor que seja verificado. Pelo sim pelo não, vou apertar os fios todos que encontrar, para ver se deixa de verter óleos.
 

João Luís Soares

Pre-War
Membro do staff
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Delegado Regional
Portalista
Capítulo XIX

O Elefante Branco teve um AVC.
Embora não tenha feito alarde disso aqui no portal, o bichinho tem dado uns passeios ao domingo, apenas umas voltinhas aqui pela cidade, de vez em quando. Apenas para ter a certeza que ainda mexe, uma espécie de hidroginástica para Elefantes Brancos. Beber um cafezinho, fazer uma compra ou outra, enfim, apenas esticar as pernas, nada merecedor de um capítulo nesta epopeia. E nem sequer são passeios frequentes, é só quando o rei faz anos. Nenhuma viagem de monta, nem competição desportiva de renome.
Ora acontece que cada vez que o ponho a trabalhar, faz uma fita medonha, não quer pegar, engasga-se, vira-se para o outro lado e deixa-se ficar. É preciso insistir diversas vezes até que se resolva a trabalhar. Tal carro tal dono, comigo sucede o mesmo sempre que oiço falar em trabalho. Até já estava habituado a este protocolo e nem o estranho. Vou sempre 10 minutos mais cedo para o cumprir. Todavia, num belo dia em que não precisava de ir a lado nenhum, aí pela 4ª vez que dei à chave, o motor de arranque não parou de trabalhar. Apenas o motor de arranque, o carro não pegou. Apanhei um susto, tal a barulheira, parecia que estava a esfolar um gato, e desliguei imediatamente a chave. Continuou. Tirei a chave, e não parou. Tornei a pôr, dei à chave, tornei a tirar e aquele arranhar medonho continuava. Enfim, lá me resolvi a abrir o capot e desligar a bateria, o que ainda demorou um bocado, pois tive que procurar uma chave para desapertar os parafusos da bateria. Mas calou-se. Desligando a bateria, não fazia barulho nenhum. Fiquei muito contente. Fazendo uso dos meus conhecimentos de informática, lembrei-me que em 80% dos casos, desligar e tornar a ligar um computador resolve os problemas gravíssimos de que frequentemente padecem, e resolvi aplicar esta técnica ao Ford Cortina. Liguei cuidadosamaente um borne, depois o outro, e PUM!, deu um estalo que me tirou 4 anos de vida, com o susto. Juntamente com o estalo, uma faísca forte e um fumozinho azul. Tal como acontece às vezes no computador. Achei estranho, mas supus que tivesse sido um mau contacto, portanto tentei de novo. Outro estalo, outra faísca, e mais fumo. Sentei-me um bocadinho a respirar fundo e a regularizar o ritmo cardíaco, e depois fui ver se haveria algum fio encostado a qualquer sítio suspeito. Não vi nenhum, por isso tornei a tentar. Estalo, faísca, fumo. Por esta ordem. Já começava a achar graça aquilo, fazia-me lembrar o carnaval. Aquilo a que não achei graça foi a ter o carro outra vez avariado. Andei de volta dele um bocado, a fazer contas à vida e sem saber muito bem o que fazer, mas na realidade não havia muito a fazer: fui consultar o Sr. Dr.. Mostrou-se algo agastado, mas não completamente surpreendido. Pelos vistos já lhe tinha feito uma vez uma parte semelhante, quando ainda estava internado, mas como nunca mais sucedeu, deixou rolar. Sugeriu que empurrasse gentilmente o carro para trás e para a frente, com uma mudança engrenada, para tentar soltar fosse o que fosse que tinha ficado preso (ele deu-lhe um nome, mas não era nenhum daqueles que eu já tinha chamado ao bicho, entretanto esqueci-o).
No dia seguinte lá fui eu experimentar a receita. Fiz-me acompanhar de um amigo que é praticamente mecânico, acho que uma vez mudou o óleo ao carro dele, o que o põe numa categoria muitos furos acima da minha, e levei a cabo a experiência sugerida. Andei com o carro para dentro e fora da garagem umas poucas de vezes, já parecia o Quim Barreiros, até achar que já chegava. Embora não tivesse notado qualquer alteração, lá liguei um borne, depois o outro, e... Estalo, faísca, fumo. Não fiquei nada animado. Entretanto o meu amigo ia olhando para dentro do motor, com ar de entendido, fazendo notar que aquilo ali era o motor de arranque, e outros comentários técnicos, e reparando que um fio que ligava a uma coisa que nem ele nem eu sabemos para que serve estava mal apertado. Como mecânico experimentado, agarrou imediatamente numa chave de fendas e num alicate, e apertou devidamente o fio. Depois virou-se para mim com ar confiante e disse-me para experimentar de novo. Agarrei no cabo, cheguei-o ao borne da bateria e... nada aconteceu. Olá! Nem estalo nem faísca nem fumo? Ele ficou todo inchado com a reparação, mas eu fiquei convencido que tinha dado cabo da bateria de uma vez por todas. Pelo sim pelo não, sentei-me atrás do volante, dei à chave e ele arrancou suavemente à primeira! Nem se engasgou, nem soluçou, nem se fez rogado. Parecia um carro novo. Já nem pensei duas vezes: tirei-o imediatamente da garagem, desta vez sem ser de empurrão e fomos imediatamente dar o passeio que estava agendado para 2 dias antes. Parámos diversas vezes, e de todas elas voltou a arrancar com muita prontidão e boa vontade. Fiquei tão contente que até lhe meti gasolina, com aditivo e tudo. Aliás, foi tal o entusiasmo, que quando fui fazer contas à quantidade de aditivo que tinha que adicionar, olhei para os euros em vez de olhar para os litros e exagerei no aditivo. Espero que não lhe dê cólicas.
E pronto, já rola de novo. Veremos por quanto tempo. Não deve ser muito, porque continua a verter líquidos de diversos sítios, e antes que se esgotem dentro de algum sistema que faça falta, é provavelmente melhor que seja verificado. Pelo sim pelo não, vou apertar os fios todos que encontrar, para ver se deixa de verter óleos.

Bem-vindo de volta, António.
Já tinha saudades da prosa mais bem escrita do Portal. Adoro o humor e a fluidez da escrita!

Espero que o motivo do próximo capítulo seja só a relatar uma ida à tal hidroginástica, em dia de aniversário do monarca.
 

Nelson Santos

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Portalista
Já tinha pensado o que teria acontecido ao Elefante... Parece que está tudo bem :D
Mesmo passeios pequenos, António partilha connosco que é sempre um enorme prazer ler as linhas deste tópico!
 

João "Pegadas"

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Tenho de concordar com o João Luís Soares... A escrita é tão viciante que "quase" se dispensam as fotos a acompanhar... Quase! :D

Eu tenho uns registos do Elefante no 3º Aniversário dos Clássicos em Armação de Pêra, mas como não me lembrava da matricula, não sabia que era o @Santos António. A ver se as meto aqui mais logo... ;)
 
OP
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Santos António

Santos António

Veterano
Tenho de concordar com o João Luís Soares... A escrita é tão viciante que "quase" se dispensam as fotos a acompanhar... Quase! :D

Eu tenho uns registos do Elefante no 3º Aniversário dos Clássicos em Armação de Pêra, mas como não me lembrava da matricula, não sabia que era o @Santos António. A ver se as meto aqui mais logo... ;)

Sim, já lá foi algumas vezes.
Estimo que tenham gostado do capítulo, mas na verdade a mim não me deu vontade de rir. Só no fim, quando finalmente pegou. Durante dois dias andei com a mosca, a pensar que o carro lá tinha que ir para a oficina outra vez, com todos os inconv€ni€nt€s que isso acarreta. E continuo chateado, com os pingos de óleo no chão. Não, não é caso para rir.
Quanto às fotos, a verdade é que nunca me lembro de as tirar na altura devida. Além disso o telemóvel tira umas fotos miseráveis (claro que o fotógrafo está isento de responsabilidades). Também não frequento lugares exóticos ou vistosos, pelo que as que poderia tirar seriam apenas mais do mesmo: um Elefante Branco. Na verdade a cor mudou ligeiramente, agora é aquilo a que se chama "branco sujo".
Hoje foi dar mais uma voltinha, e a pensar nisso tirei uma foto, de um ângulo ligeiramente diferente:
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Já vi orgãos de igreja com menos botões. Acreditem ou não, há alguns que ainda não sei para que servem. Estes aros amarelos deviam ser cromados, mas já ouvi dizer que cromar plásticos é caro e difícil. Se conseguisse tirá-los sem partir pintava-os de preto, sempre disfarçava um pouco.
IMG_20171007_135652.jpg
 

Anexos

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