Um dos melhores utilitários da história. Ágil, barato, fiável, pequeno por fora e enorme por dentro.
Foi a minha cobaia para apreender mecânica básica. E tornou-se uma paixão.
Eu já estou a melhorar. Pelo menos desde que me lembrei da dificuldade que o GS implica em operações básicas como trocar embraiagem (onde o motor tem de sair) e trocar discos e pastilhas (pois os discos estão ligados à transmissão). Pode ser que me passe.
Gostava de pedir a vossa ajuda aqui numa dúvida que me surgiu: o carburador do Uno tem um solenóide de corte de gasolina (até aqui, tudo normal). Ao que percebo da minha literatura, esse solenóide deveria actuar não apenas quando desligo a chave como em desaceleração, para poupança de combustível. Ora, como posso testar se isso está efectivamente a funcionar?
A minha dúvida surge porque não noto diferença nenhuma no funcionamento do carro quando desligo o solenóide. Se ele estivesse a funcionar, não devia notar?
1- Quanto ao solenóide do carburador, estive a testar o funcionamento tradicional (fecho com o carro desligado). E, quanto a isso funciona: se eu retirar o fusível respectivo, o carro vai a baixo. Ou seja, o solenóide efectivamente corta a gasolina no carburador quando se desliga o carro.
A questão é que a Fiat anunciava, nos anos 80, que este carburador fazia fechar o solenóide de corte de gasolina quando em desaceleração, poupando combustível. Seria tanga?
De facto, para isso ser possível. Teria de haver algum dispositivo electrónico e algum sensor... Ou estou enganado? É que electrónica no Uno... Só mesmo a ignição...
2- Fui tratar dos pontos de ferrugem que tinha descoberto quando levantei as borrachas todas. Não me atrevi a fazê-lo sozinho e levei o Uno ao chapeiro.
Corrigiu tudo e com a agradável surpresa de não me ter levado dinheiro!
Antes:
Depois:
3- Torneira da chauffage:
Desde que comprei o carro que ele tinha um defeito: a chauffage estava sempre no "quente", mesmo quando o selector apontava para o frio.
Assim, eu achava que tinha a torneira da chauffage avariada, a deixar passar água quente para o radiador da chauffage. Simplesmente, porque o Haynes me dizia que o acesso implicava desmontar o tablier todo, fui sempre adiando a intervenção.
Até que descobri um DIY que explicava ser possível aceder à torneira por baixo do porta-luvas, retirando um resguardo que aí há e que a envolve.
Deitei mãos à obra (já no dia 21 de Junho...). Comecei por retirar o banco do passageiro, para ter mais espaço de trabalho. Não custa nada, são dois parafusos:
Depois vislumbrei o tal resguardo que protege a torneira. Na foro não se vê bem, vão ter de acreditar em mim em como ele lá está.
Chegado aqui, paralisei. É que o tal resguardo tem três parafusos a suportar (hexagonais, 5,5mm). Mas o de trás está tão junto à corta-fogo que não consegui lá colocar nenhuma chave, por mais pequena que fosse. Só cabe mesmo a ponta.
Assim, só conseguia tirar os dois parafusos da frente.
Pois bem, hoje la percebi, ao fim de uma hora: aquele parafuso de trás .não precisa de sair! O resguardo tem o encaixe desse parafuso aberto, permitindo retirar a protecção sem tocar no parafuso.
Veja-se aqui, já com o resguardo cá fora. Estes são os encaixes dos parafusos da frente, por baixo do porta-luvas:
Atrás, o encaixe é aberto:
Ou seja, tirei o resguardo sem mexer no parafuso (que, definitivamente, não tenho ângulo para tirar. Nem chave coto, nem alicate, nada serve).
Bom, de seguida foi fácil. Torneira à vista:
Fechei-a toda, puxei a espia o máximo que pude e voltei a prender o cabo à torneira.
Tudo montado e temos a chauffage funcional! Regula quente e frio, ultrapassando a chatice de estar sempre a enviar ar quente.
Pouso a pouco, este Uno fica impecável. E dá um gozo dos diabos sermos nós a reparar cada problema.
A reparação não parece ter ficado perfeita! Numa das fotos parece que ainda lá ficou ferrugem. Espero estar enganado, a borracha disfarça o acabamento.
A reparação não parece ter ficado perfeita! Numa das fotos parece que ainda lá ficou ferrugem. Espero estar enganado, a borracha disfarça o acabamento.
Julgo que não há, pelo menos procurei e parece ter sido tudo lixado. Sim, o acabamento ficou rústico, mas não me preocupei porque é debaixo da borracha. Julgo que o chapeiro ainda não percebeu a razão de se gastar um tostão num Uno e, por isso, acho-o menos cuidado do que nos clássicos ou nos carros modernos.
@João Pereira Bento, onde viste a ferrugem? Na segunda foto? Se sim, isso é um pouco de "pó de ferrugem" que estava na borracha e que passou para a chapa quando a coloquei. De todo o modo, porque está ferrugem vem da junção de duas placando metal rebitadas, estou a pensar colocar ali vaselina, como sugeriste!
Afonso, o teu entusiasmo, a tua dedicação, a humildade a perseverança, a organização (que invejo), este é dos tópicos que mais gosto de ver "without question"!
Obrigado pela partilha
Agora faltam umas fotos de passeios, que queremos ver o Uno a ser desfrutado.
Bem, só agora é que dei com este tópico, graças à nossa conversa no outro tópico, e estive a ler isto desde o princípio. Fez-me lembrar os meus tempos de adolescente em que fazia o mesmo com o 127... foi assim que tudo começou!
Tenho de te dar os parabéns, não apenas pela iniciativa, mas pela determinação, o cuidado, e tudo o mais. Dá gosto ver qualquer carro tratado com estes cuidados, e o Uno está uma maravilha! Dá gosto ver este carrinho assim, e tem uma pinta fenomenal em branco com as chapas pretas! E melhor ainda é que aprendes, da melhor maneira, que é a fazer. Já não falando na satisfação que nos dá saber que resolvemos um problema sozinhos.
Uma dica importante, o problema do desgaste irregular das pastilhas pode dever-se simplesmente ao facto de o suporte estar sujo, e aquelas pastilhas que seguram a pinça em cima e em baixo também estão muitas vezes calcinadas e não deixam a pinça centrar correctamente. Basta dar uma boa limpeza em tudo (se possível aplicando um pouco de massa de cobre) e fica a 100%.
Já trocaste todas as relas do motor ou ainda falta alguma? Descobriste da pior forma a chatice que é ter de pagar pela incompetência e descuido dos donos anteriores... motores de ferro e alumínio não podem andar só com água ou anticongelante barato. É um assassinato a prazo, não tem outro nome. Vemos muito estas chatices não só nos Fiat (embora nestes seja comum devido a todos terem o bloco de ferro e cabeça em alumínio), mas um pouco por todo o lado, porque ninguém pensa a longo prazo, querem é poupar umas tecas no momento e o resto que se lixe, o motor trabalha na mesma...
Eu já não uso nada a não ser o Paraflu, embora ande tentado a experimentar o Evans... talvez um dia destes no Spider me dê a esse trabalho.
Muito obrigado, Eduardo! Fico muito agradecido pelos conselhos de especialista que me possas dar.
Quanto aos travões: é uma excelente dica. Quando troquei agora discos e pastilhas, aquilo não me pareceu mal. Mas achas que devo voltar a desmontar tudo e limpar? Ou fica para as próximas pastilhas?
Quanto a relas: falta só uma. A que está atrás da vareta do óleo, junto ao alternador. O acesso é muito, muito mau e, por isso, não me aventurei. Quando morrer, será retirar o alternador e andar ali às apalpadelas por trás da vareta... espero que o anticongelante esteja a fazer o seu trabalho e tenha parado a espiral corrosiva... mas não confio muito.
Os travões ficaram parcialmente limpos quando trocaste as pastilhas, por isso eliminaste uma boa parte do problema. Se voltares a notar a travagem irregular, desmonta e limpa bem isso tudo. Caso contrário, não vale a pena mexeres.
O Paraflu impede toda e qualquer reacção de corrosão, mas também tem um poder detergente fabuloso, limpa tudo o que é sedimentos, por isso se a rela tem corrosão interna (como todas as outras) vai começar a perder água mais dia menos dia. É mais uma questão de quando do que de se. Normalmente nestas coisas eu prefiro tirá-las todas logo, dar uma lavagem por dentro para soltar algum lixo que por lá ande à deriva, e fechar e atestar tudo com uma concentração boa de Paraflu para manter aquilo limpo.
No teu lugar eu iria preparando a coisa para numa altura que fosse conveniente parava o carro e despachava já isso, pelo menos ficas descansado.
Esta semana tinha planeado desmontar a porta do condutor para ver se arranjo a dobradiça, que tem o sistema de travão (para fixar a porta em "aberta") avariado.
Mas a minha Maria emprestou o carro dela à mãe e eu tratei de lhe despachar o meu, para poder usar o Uno como daily driver.
Ora, como preciso dele, não vou começar a mexer-lhe. Caso contrário, está-se mesmo a ver que o que duraria 5 mins numa pessoa normal, acaba por me parar o carro por 1 mês...
Cadeirinhas instaladas e tem sido um espectáculo. Este carro é o rei da cidade! Muito prático, ágil, espaçoso, com uma resposta de motor muito agradável. Um dos melhores utilitários que alguma vez existiu, não tenho a mínima dúvida.
Como nesta semana não me atrevi a atacar a dobradiça da porta (no meu caso, nunca se sabe quanto tempo vai demorar... E esta semana o Uno é o meu daily driver...). resolvi voltar a tratar de algo que tinha em suspenso há já muitos meses...
Como se percebe, o meu actual emblema estava a precisar muito de substituição.
Com uma espátula protegida com adesivo é um secador de cabelo sempre a dar-lhe, lá consegui retirar o antigo.
Depois limpei tudo. Até pus um pouco de polish. Mas cá para mim, a porta já deve ter sido pintada à volta do emblema. O melhor que consegui foi isto.
Depois foi só colar o novo!
Brilha tanto que nem o reconheço! E já estranho o azul original.
Agora vou ver se me dedico a recuperar o antigo, sem medo de fazer asneira.
Muito bom... mas isso das aptidões já era de prever, o Uno é mais um distinto membro de uma linhagem nobre de citadinos de excelência, por isso não tinha nada que enganar.
Quanto ao emblema, é o mal das modernices, deterioram-se muito mais depressa (embora a brincar já tenha 25 anos...), o novo deu-lhe outra pinta.
Ontem dei com um Uno deste modelo no centro de abate de um amigo aqui na cidade... não confirmei o ano, mas é um 60 SX, chamou-me à atenção por causa disso. Está um bocado maltratado, mas se precisares que veja de alguma coisa, diz.
Ontem dei com um Uno deste modelo no centro de abate de um amigo aqui na cidade... não confirmei o ano, mas é um 60 SX, chamou-me à atenção por causa disso. Está um bocado maltratado, mas se precisares que veja de alguma coisa, diz.
Obrigado, Eduardo! Por acaso, se não for pedir muito, ando à procura de um distribuidor, desde que esteja em bom estado e seja a versão dele (Magneti Marelli com a referência SE101G). O meu funciona bem mas tem um dos apoios partidos (está apenas preso com um parafuso).
Esta (SE101G) é a referência dos distribuidores para os motores FIRE de 1108cm3, carburados. Mas, como funciona na mesma, há muitos 60SX a andar por aí com o distribuidor do 45 (SE101A) ou dos com injecção monoponto (SE101C). Simplesmente, as curvas de avanço são diferentes e eu não quero!
Estupidamente, tenho tido dificuldade em encontrar um distribuidor a preço justo. Há na FIAT ainda, mas pelo preço que dei pelo Uno todo. E os que tenho visto nas sucatas ou têm a referência errada, ou têm molas partidas, ou custam o mesmo que novo...
Estás com azar... foi a única peça que reparei que lhe faltava. Quando levantei o capot, notei logo que o tinham tirado. Vou confirmar com ele se o tem, mas duvido.
Estás com azar... foi a única peça que reparei que lhe faltava. Quando levantei o capot, notei logo que o tinham tirado. Vou confirmar com ele se o tem, mas duvido.
É o mais provável. Já percebi que quando avaria o módulo de avanço a vácuo ou o módulo electrónico, a tendência actual é mandar o distribuidor para o lixo e ir buscar um a uma sucata. Assim se acelera o processo de extinção das peças para os Unos... Por isso tem sido tão difícil encontrar um.
De todo o modo, já decidi que se eu não comprar um Citroën GS até ao fim do Verão, compro-me um distribuidor novo para o Uno.
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