Diz-me a tua cor... dir-te-ei de onde és

Carlos Alberto Macedo

Gang dos Rojões
O vermelho dos Ferrari ou dos Alfa Romeo não nasceu porque os seus responsáveis gostavam da cor. Tudo começou numa altura em que estava em vigor o chamado Anexo K do Código Desportivo Internacional (hoje este anexo regulamenta as provas reservadas a automóveis clássicos) que regia a cor de cada país, reconhecendo as cores oficiais da sua entidade federativa. O vermelho era a cor que identificava Itália.

Quando a publicidade tomou conta do desporto automóvel, tudo se alterou e, se durante muitos anos a Scuderia Ferrari foi a excepção, há outros construtores como a Ford que, hoje, em alguns campeonatos disputados nos Estados Unidos, recuperou a cor oficial dos automóveis americanos: o branco com duas listas longitudinais azuis.

Actualmente, os mais jovens dificilmente identificam o azul claro dos antigos Bugatti 35 como a cor nacional francesa, o vermelho e branco como as cores nacionais de Portugal, ou o amarelo e verde como as cores belgas, mas na época tudo estava legislado e a associação cor-país era imediata.

Mesmo assim, houve ligeiras excepções, como aconteceu no Reino Unido, onde a Aston Martin para fazer a diferença face à sua rival de então – a Jaguar – trocou o “british racing green” por um verde mais claro e metalizado que ainda hoje mantém nas provas de GT. O mesmo aconteceu na Alemanha, onde depois da II Guerra Mundial o prata dos Auto Union ou dos “Silver Arrows” da Mercedes estava muito conotado com o nazismo, sendo trocado pelo branco, apesar de num passado bem mais recente ter reaparecido nos McLaren-Mercedes de Fórmula 1.

A questão das cores era um assunto muito sério. Por isso, nas duas últimas provas do Mundial de F.1 de 1964, no auge de um litígio entre Enzo Ferrari e a federação italiana (que o comendador acusava de não terá defendido os seus interesses numa disputa com a Federação Internacional sobre a homologação do modelo 250 LM na categoria GT), alinhou no G.P. dos EUA e G.P. do México sob a inscrição do seu importador americano (NART), apresentando os carros da Scuderia pintados de branco com as faixas longitudinais azuis. Foi um escândalo...



País Cor
Alemanha - Branco
África do Sul - Dourado com lista lateral verde
Argentina - Azul
Bélgica - Amarelo
Brasil - Amarelo pálido, jantes verdes
Bulgária - Verde
Canadá - Verde com listas brancas
Chile - Vermelho e branco
Cuba - Amarelo
Egipto - Violeta pálido
Espanha - Vermelho com lista branca
Escócia - Verde muito escuro
Estados Unidos - Branco com listas azuis
Finlândia - Preto
França - Azul claro
Holanda - Laranja
Hungria - Frente branca, traseira verde
Irlanda - Verde com risca horizontal branca
Itália - Vermelho
México - Dourado
Mónaco - Branco e vermelho horizontal
Polónia - Branco, com lista lateral vermelha
Portugal - Vermelho e branco horizontal
Reino Unido - Verde escuro
Suécia - Azul e amarelo
Venezuela - Branco com lista verde
 
No inicio do século passado, fabricantes e clubes de automóveis de alguns países, incluindo Portugal organizaram-se na AIACR, a Associação Internacional dos Automóveis Clubes Reunidos. Seguindo o exemplo de construtores quando se apresentavam em provas pintados com as mesmas cores, uniformizaram uma lista com as cores de cada País.
Este incentivo foi seguido principalmente pelos organizadores das 24 horas de Le Mans e pela Fia depois da Segunda Guerra Mundial , mas na verdade só era obrigatório quando o regulamento particular da prova o determinava, embora muitos pilotos e construtores a honrassem.
Manuel de Oliveira o Ford Especial quando o pintou para ir correr ao Brasil, nos anos 30 e Carlos Gaspar talvez o último.
 
Voltar
Topo