Fiat Fiat 127 (1978) - Diário De Bordo

[Eduardo Relvas]

Boas

Boa! O dia que for passar ai a noite, entro em contacto, pode ser que veja este verdinho!

Ok, estás à vontade... apita!

São estes os Diários de Bordo mais interessantes sem dúvida nenhuma, onde o DIY predomina e quem conduz sabe o que conduz.

Agora uma pergunta para o Professor de Materiais?? Os braços da suspensão na foto acima, são semelhantes aos do Mini, poder-se-à dizer que são forjados? Como é que a forma que eles têm foi obtida, fundição?, aço vazado? extrudido? Os termos que referi são de um quase leigo, mas já os ouvi várias vezes e estou curioso quanto a uma eventual explicação.

Pelo aspecto deles, suponho que sejam peças de fundição que sofrem depois um tratamento posterior semelhante ao forjamento.

Normalmente o processo de extrusão só produz perfis, o processo em si assemelha-se ao princípio do saco de pasteleiro. Tens uma matriz através da qual é prensado um lingote da matéria-prima, e produzem-se perfis com a forma dada pela matriz.

Vazamento é uma forma simples de fundição em molde aberto, que também pode ser utilizada em modo contínuo (em que a peça é arrefecida e puxada para fora do molde à mesma velocidade que vai solidificando, permitindo produzir peças longas).

O processo de fundição implica um molde no qual é vazado o metal em estado líquido para que adopte o formato pretendido. Pode ser feito de várias formas, mas o processo em si consiste nisto.

O forjamento é um processo de compactação e enformação do metal quando ainda se encontra num estado de grande ductilidade para o conformar a um formato através de prensagem entre matrizes a alta pressão. A pressão e consecutivas aplicações de força obrigam o material a adoptar a forma imprimida pelas matrizes entre as quais foi esmagado. Obtêm-se peças de maior resistência do que um vazamento simples, porque o processo provoca alterações estruturais no material, enquanto no vazamento se produzem redes cristalinas simples e com muitos defeitos e descontinuidades.

Esclarecido? Se precisares de mais algum pormenor, tás à vontade...

Um abraço a todos!

 

[António Barbosa]

Ok, esclarecido!

Outra questão mais FIAT, no esquema da alavanca da caixa de velocidades, como é que o movimento da alavanca é transmitido para a caixa? Cabos de aço? Tirantes?


Excelente caso de e-learning...

 

[Eduardo Relvas]

(...)
Outra questão mais FIAT, no esquema da alavanca da caixa de velocidades, como é que o movimento da alavanca é transmitido para a caixa? Cabos de aço? Tirantes?
Excelente caso de e-learning...

Podes crer, daqui a nada abrimos a Universidade Aberta dos Clássicos no lugar do Portal...

No caso do 127 e 128, são tirantes articulados. Não tenho aqui o catálogo para te mostrar, mas esta que encontrei na web é semelhante, julgo ser de modelos mais recentes (Panda, talvez).



Um abraço!

 

[Eduardo Relvas]

Bem, não tenho aqui reportado, mas o "Leão" (não sei se contei, mas é a alcunha dele, dada por um amigo sportinguista...) tem continuado a prestar leal serviço diariamente, sem necessidade de mais trabalhos. Em breve vou-lhe dar uma manutenção geral, mas tem-se portado lindamente. O único ponto de irritação vinha da panela de escape, que estava a fazer um estrilho doido de chocalho, por isso há dias mandei vir esta, que montei no fim-de-semana...



Como sempre, o investimento foi bastante comedido. Panela e suporte traseiro (aquele taco de borracha que se vê a segurar à carroçaria) custaram 43,50€. Definitivamente não há primeiro clássico mais acessível em termos de manutenção... ainda há de tudo, e os preços são fantásticos.

Ainda não ficou a 100%, porque ainda tem períodos em que bate em qualquer coisa e faz barulho. Assim que tiver um bocado vou afrouxar todos os apoios e tentar perceber se estou a contrariar algum alinhamento, mas quando apertei pareceu-me bem, o que me leva a suspeitar se não haverá alguma folga excessiva de algum dos apoios do conjunto motor/caixa que esteja a obrigar o escape a mexer mais do que o normal... tenho de investigar.

Outra coisa na lista de compras para quanto antes são uns tapetes... tenho de perguntar ao estofador onde arranjo daqueles matizados. Isto fica um bocado despido...



Podem ver na foto a consola que o meu pai montou logo em novo, com o rádio. Já vi muitas, mas esta é sem dúvida das mais bonitas, há verdadeiros energúmenos sem jeito. Os instrumentos extra são da minha autoria, porque foi já na minha posse que descobri que lá tinha a furação para eles, e tratei logo de preencher as vagas...

Também preciso desesperadamente de revestimentos novos para os bancos... ou uns dadores em bom estado. Alguém tem uns bancos intactos a mais?

Um abraço a todos!

 

[Carlos Vaz]

Oi!!!|!!! Leão é o meu!

Ahahahah... ainda vou ver esse carrinho a mostrar os dentes a muita coisa nova que por aí anda!

Isso quer é espremidelas para não0 criar carvão!

 

[Jorge Viegas]

O Mauro já me tinha falado do DB do teu 127 e hoje lá o li todinho, impecável

Cada vez sou mais adepto do "faz tu mesmo"

 

[Eduardo Relvas]

O Leão esteve uns dias fora de circulação, porque na segunda, a meio da school run matinal, fiquei com o poder de travagem seriamente reduzido... sintoma de que o circuito da frente se foi. Felizmente, este já é um carro com circuito duplo, e os travões traseiros continuam a funcionar. Sendo tambores, no entanto, significa que o poder de travagem é reduzidíssimo, ainda para mais quando lhes pedimos que abrandem 700 e tal kg de Fiat 127. Deixei-o em casa e fiz o resto do meu dia com o VW do meu amigo que está cá novamente para afinar.

Estava desconfiado que tivesse sido a anilha do êmbolo, mas estava enganado... o culpado era o tubo flexível (felizmente tinha um flexível bom guardado, já nem me lembrava, mas dei com ele). Podem ver que está húmido junto ao banjo de entrada na pinça:



Isto lançou-me num problema mais complicado... não consegui separar o tubo flexível do rígido! Décadas de poeiras e humidades fizeram acasalar os dois de tal maneira que nem o mais potente dos meus aiicates o conseguiu demover. Curiosamente, o problema não se cingiu ao meu, porque encontrei o tubo igual na minha pilha de peças sobressalentes (desmontei um carro igual quando recuperei o meu de mecânica), e também sofria do mesmo problema... mau, mau...!

Depois de várias tentativas de enxerto infrutíferas, e já com o tubo fora, acabei por ir dar volta ao meu stock e encontrei um tubo novo mais curto, mas que chega perfeitamente (o original segue os contornos da carroçaria) para completar a ligação. Há uns anos quando renovei o circuito de travagem do Spider, comprei dois conjuntos de tubos, e sobraram-me alguns. Aqui podem vê-lo já a ser encaminhado para a bomba principal...



Depois de umas quantas torcidelas, lá ajeitei o tubo para completar o circuito. Desta vez, houve massa de cobre com fartura nas ligações para não voltar a haver "casamentos" entre peças...



Do outro lado, a mesma coisa... aqui já com o freio a segurar o pescoço do flexível, e a ligação feita.



Seguiu-se o atestar do depósito e sangramento... não tirei fotos desta parte, mas aqui ainda se vê a lata que usei de apoio para o frasco do óleo velho, que uso na rotina de sangramento para receber o óleo com bolhas junto à roda.

Não foi fácil, ainda deu alguma luta porque o parafuso de sangramento estava mais que entupido de porcaria. Tive de o tirar fora e limpar tudo com uma broca de 2 mm, era só terra sólida de cima abaixo! De facto, estes travões já deviam uns anos a uma boa manutenção... não me lembro de quando foram alvo de serviço a última vez!



Depois de alguma insistência, cá temos o trabalho terminado, e a purga fechada.



Depois de sangrado também o outro lado (mais para renovar o óleo, porque não tinha ar), fui novamente brindado com um pedal firme... bem mais firme que antes. Em breve sangro também os de trás, tenho de rever os tambores.

Amanhã já regressamos à acção habitual... lentamente vamos passando as rugas a ferro!

Um abraço a todos!

 

[Carlos Vaz]

Estes DBs são uma inspiração!

E... está aqui algo que terei que renovar no 106 um dia destes.

 

[AndreGaspar]

Espétáculo! O circuito de travões é das coisas que devia ter mais manutenção! ...
Cria muito lixo, e entope ou estoira o tubo e ficamos na mão.

 

[António Barbosa]

Gostei como sempre de tudo, não faltam detalhes e fotos.

Novamente o e-learning.

1 - Aquela bomba de travões é original? Os dois depósitos de óleo são um para cada circuito? (frente e trás)

2 - Quando fizeres a manutenção dos tambores tira fotos do sistema de auto-ajuste se já tiver.

3 - Que instrumentação auxiliar está na consola?

 

[Eduardo Relvas]

Gostei como sempre de tudo, não faltam detalhes e fotos.

Novamente o e-learning.

1 - Aquela bomba de travões é original? Os dois depósitos de óleo são um para cada circuito? (frente e trás)

2 - Quando fizeres a manutenção dos tambores tira fotos do sistema de auto-ajuste se já tiver.

3 - Que instrumentação auxiliar está na consola?

Ainda queria ter sido mais detalhado, mas entre ser um trabalho sujo e ter pressa de o acabar (o Spider não tá em condições agora, por isso tou a depender deste) não houve espaço para fotos mais detalhadas. Mas como ainda quero fazer a revisão aos tambores e quero voltar a sangrar os da frente também, nessa altura mostro ao detalhe.

1 - Não, já foi trocada há uns anos quando o carro foi revisto, mas é igual à de origem (o meu carro é dos últimos 127 da primeira série e já tinha muita coisa evoluída em relação aos primeiros). Sim, como disse, o circuito é totalmente independente, o depósito traseiro alimenta as pinças da frente e o dianteiro é para os tambores.

2 - Ok. Sim, se eu bem me lembro o sistema é já totalmente automático no que diz respeito a ajuste de compensação de desgaste.

3 - Por enquanto tenho os 3 que saquei de um 124 Spider. Não estão ligados, são meramente decorativos. Tem a pressão do óleo, temperatura da água e nível do depósito. Eventualmente, quando vier a mexer nisso, pretendo ter apenas o da pressão a funcionar dessa forma. O da temperatura será utilizado para a temperatura do óleo, e o da gasolina será trocado por um voltímetro que tenho aqui na prateleira.

Um abraço a todos e obrigado pelos comentários!

 

[Eduardo Relvas]

Bom, embora o tópico esteja parado há uns dias, o mesmo adjectivo não se aplica ao 127...



Hoje inclusivé saíu-lhe na rifa um serviço com o qual não tinha contado. Não referi em mais lado nenhum, mas este fim-de-semana estive bastante tempo fora de combate com uma virose daquelas brutas que atacam nesta época. Entre isso, o preparar de umas aulas novas que me foi pedido para dar em substituição de uma colega, e a cabeça ocupada pela 124 Familiare, esqueci-me que o único carro legalmente habilitado para circular de momento em condições era ele.

Hoje de manhã quando fui pedir o carro de serviço, informaram-me que não havia nenhum disponível. "Ok," pensei eu, "chego a casa e troco o 127 pelo Spider, que sempre faz melhor a viagem e é mais rápido." Estava tão concentrado no raio da matéria da aula que só no preciso momento em que levantei o portão é que me lembrei que o Spider estava ainda onde o deixei... descalço e em cima de 4 preguiças... enfim! Resultado... fui para Elvas de 127.



(desculpem as fotos, mas foi o telefone novamente...)

Fui um bocado apreensivo, só tenho feito trajectos curtos com ele porque ainda não foi vista a história da junta queimada, por isso não apertei muito com ele. Fui o caminho todo para lá entre os 90 e os 100, e o ponteiro nunca mexeu do primeiro quarto da escala da temperatura.

Para cá, vinha no mesmo ritmo mas desde que saí de Elvas vim atrás de uma tipa de meia idade numa 320d cujo estilo de condução me estava a dar nos nervos... e finalmente à saída de S. Vicente resolvi pôr-me na frente. A senhora pelos vistos levou a mal ser ultrapassada na sua BMW reluzente por um chasso velho e carregou no acelerador também.

"Ok, queres medir pilinhas...?" Estiquei a terceira do brinquedo até aos 110, e a quarta seguiu... e ultrapassei a maldita BMW. Custou, mas consegui manter-me a ganhar-lhe distância sempre, até que aos 135 ela se teve de render...

Mantive o ritmo mais acelerado durante um pedaço, até que deixei de ver aquela coisa azul no retrovisor, e depois voltei aos 90-100 de antes. Mas nunca a temperatura subiu... manteve-se sempre na zona devida. O mal são mesmo só os momentos de lentidão no trânsito... e lá foi e veio! 120 km de uma assentada, provavelmente a maior viagem dele nos últimos 10 anos...

Um abraço a todos!

 

[João Luís Soares]

Ainda bem que tens um carro como deve ser. Se fosse num plástico, com uma 3ª a 110 já tinhas activado 32 sensores, 4 luzes, um aviso sonoro e um sem fim de inutilidades...

Esse carro continua a fazer história!

 

[Eduardo Relvas]

Ainda bem que tens um carro como deve ser. Se fosse num plástico, com uma 3ª a 110 já tinhas activado 32 sensores, 4 luzes, um aviso sonoro e um sem fim de inutilidades...

Esse carro continua a fazer história!

Podes crer... e vivam as máquinas como deve ser, sem idiot lights... nem cortes, porque se fosse num equivalente moderno, aos 105 começava a engasgar-se todo e a acender a "árvore de natal"... nunca chegava aos 110.

Um abraço!

 

[António Barbosa]

Não sabia da ameaça da junta da cabeça, já mudei uma de um Marbella 903cc e achei bastante simples. Achei também curioso um parafuso meio escondido no centro da cabeça. Utilizei um jogo de juntas Payen, mas não encontrei em cobre, tens ou sabes se existe?

 

[Eduardo_Silva]

Ainda bem que tens um carro como deve ser. Se fosse num plástico, com uma 3ª a 110 já tinhas activado 32 sensores, 4 luzes, um aviso sonoro e um sem fim de inutilidades...

Esse carro continua a fazer história!

Muito bom...

 

[Jorge Viegas]

Imagino a mulher a ser ultrapassada por um 127 verde

 

[Eduardo Relvas]

Imagino a mulher a ser ultrapassada por um 127 verde

Não tás bem a ver o filme... como ela acelerou, passei-a em câmara lenta... levou um bom pedaço a ultrapassar! Mas nunca fiquei para trás, mesmo sem mariquices de turbos e afins... só ultrapassei foi mais devagarinho! Mas foi bem feita, para ainda ter de saborear a derrota mais calmamente...!

 

[Carlos Vaz]

Street racer!!!!

 

[Fabio Joel Fernandes]

Aguentou-se bem o 127 ;D

Abraço