Conta apagada 31475
Antes Francisco Lemos Ferreira
PEDRO CORTÊS
O 2ª Rali PCCR proporcionou-me novas amizades e muito conhecimento, falei pouco, comi bem e principalmente bebi muito líquido e muita história. Cheguei à Mealhada às 09.31 a penalizar um minuto. Saí com o Silva Rumo a Coimbra, onde apanhámos o Pedro Cortês e seguidamente o José Manuel Tavares e o Joaquim Teixeira. Aí começou um manancial de história a ser debitada dentro “Cherokee” at
é Lisboa. O Pedro Cortês diz que as amizades também se medem em Kilómetros e graças a Deus já tenho 600 Km de amizade dele. Não resisto a contar duas excepcionais histórias para memória futura. Vou falar na 1ª pessoa pois é discurso direcTo do grande PEDRO CORTÊS:
RALI DE PORTUGAL "NOW ATTACK!"
Depois de uma ligação conturbada, tínhamos combinado com o João Nabais, uma mudança para pneus de terra em determinado local, quando chega-mos não estava lá, esperámos, esperámos, e já a pensar arrancar assim com os pneus em estado lastimável, chegou com o tempo a queimar, mudámos os pneus num ápice com a ajuda do publico que levantou o carro com uma rapidez impressionante. Arrancámos fizemos a ligação e chegámos ao controle cerca das 2 da manhã. Estava atrasada a partida para o troço de terra, não estavam reunidas as condições de segurança, as ambulâncias ainda não tinham chegado, etc. Na minha frente tinha o Fiat 124 do Markku Alen.
Ficámos no carro a dormir cansados. Normalmente eu só abria os olhos nos últimos segundos da partida quando o navegador começava a cantar a contagem decrescente.
Ao raiar do dia os controladores batem nos vidros a avisar que íamos arrancar, Para meu espanto sai de dentro do Fiat o Markku Allen que devia ter estado bem encolhido no Fiat, dado o seu tamanho, com um ar feliz e satisfeito, com um sorriso rasgado esperguiça-se vira-se para nós e grita: “NOW ATTACK!!!”.
Só pensei: Mas o que é que estou aqui a fazer, só me apetece ir para casa e este gajo tá todo satisfeito de ir descer aquele troço da Lousã em terra a esta hora. Definitivamente este gajo não é do meu campeonato. Mas aquilo picou-me. Fiz a descida com raiva mas sempre com a sensação que estava lento, naquela hora precisava era de um avião. Fizemos o troço sempre a dar mas menos rápidos do que eu pretendia. O Navegador tinha a mania de no fim dos troços perguntar os tempos dos outros, dizia-lhe para estar calado, mas perguntou na mesma: tínhamos dado 6 segundos no Markku Alen!
Acabámos esse Rali de Portugal nas ultimas classificativas a poupar pneus pois já tínhamos derretido 24 pneus que tínhamos comprado a 50% do preço mas que deveriam ter sido gratuitos, com o pessoal a gritar “Melhor Português”, quero lá saber disso estes gajos sabem lá o que nós vamos aqui a passar, não me serviu de consolação nem tem lógica enumerar “melhor Português” que é sintoma de pequenez.
DAKAR
No Dakar a orientação era feita com bússola e cartas militares, nunca conseguia provar que aquele ponto era onde eu estava, não havia pontos de referência. Estávamos em Terra de “Et Moi? Et Moi?” Convém recordar que o Pedro Cortês é o Senhor UMM, que o desenvolveu .
Andávamos com 5 mil contos em cada carro incluindo os carros de assistência, ali pagava-se tudo com nota à vista e um gajo não sabe se ficava sozinho ou em qualquer lado e se tem de desenrascar. Cada um tinha de ser autónomo, pneus, serviços, fronteiras, gasolina. Se podias e tinhas capacidade de ajudar muito bem senão cada um que se desenrasque. Havia sítios onde a gasolina era uma verdadeira vigarice, cerca de 7, 8 vezes mais do preço normal era só esta a diferença. Dentro do Parque vigiado, bidons de 200 litros, não chegava eram precisos 240 e tínhamos de comprar 3 e rachar com outra equipa. Quem vendia eram nativos contratados pela organização. A nós nunca nos aconteceu mas muito bom concorrente, outras equipas compravam aquela mistela tipo melaço, andavam 500 metros sistema de gasolina, injecções fosse o que fosse acabou-se o carro e acabavam ali! Avariava ali e ali ficava, fogo à peça e o seguro que pague! Megre era Aventureiro mas seguro, não facilitava nada, falhava muito pouco compreendia perfeitamente a mentalidade negra da zona, uma pessoa muito prática, o que valia a pena ou não discutir, vamos fazer isto mas há limites para isto, não vamos brincar em serviço porque isto não é para brincar em serviço, o sistema logístico montado raramente falhava nalgum pormenor.
O Megre era uma pessoa muito pratica, abordava aquilo como uma competição mas mais aventura que competição, parava fotografada parava para mijar e curtia, você não para para mijar pois não? Eu não é sempre a dar fogo e quero acabar aquilo o mais rápido possível!
É bestial pá eu tenho de parar!
Uma tempestade de areia é uma coisa para se ter um respeito do caraças. Numa etapa errámos o azimute, sem ver nada, numa duna não fui parar la baixo por um milímetro apanhei um cagaço, a areia começou a ceder, vim para trás, dá-me o azimute para trás, foi a minha sorte lá agarrámos o azimute certo e ainda acabámos em 4º
Pedro Cortês é um Campeão e a sua simplicidade e amizade mostram o que um Senhor deve ser.