Caro Ricardo,
Não posso precisar qual dos Abarth me impressionou, mas era um que andava mesmo...
Eu também tive em tempos um Fiat 600, mas como o orçamento, então escasso, não dava para grandes devaneios, só me limitei a rebaixar-lhe a cabeça, equilibrar o motor, e abrir um bocadinho o escape, o que o tornou mais nervoso.
Nessa altura passava férias onde agora resido, em Cerva, Ribeira de Pena e tinha um futuro cunhado que guiava bem, mas só tinha um "ora bolas", o célebre Anglia Fascinante, que andar não era com ele. Os dois fazíamos corridas de uma aldeia próxima, célebre por ter sido onde Camilo Castelo Branco escreveu um dos seus romances, de nome Agunchos e que distava 9Km de Cerva por curvas e ganchos, sempre à beira de uma ravina, quase precípício, para um afluente do Tâmega.
Era a inconsciência da juventude.
Um belo dia convidá-mos dois primos para virem connosco a ver quem chegava primeiro a Cerva e por força do espectáculo, ainda acelarámos mais, eu ganhava nas subidas por força dos (poucos) cavalos e ele passava-me nas descidas, fruto da sua total e completa loucura.
Acontece que nesse dia batemos largamente o recorde da "pista", mas os primos é que tiveram que ir mudar de roupa interior, pois ambos se borraram completamente nas cuecas.
Bons tempos...
Qunato à minha origem, nasci em Lisboa, mas sou filho de um transmontano de Valpaços e de uma minhota Poveira. Casei com uma transmontana de Vila Real que tinha uma casa de férias em Cerva e levei-a para Lisboa, onde vivemos cerca de 40 anos.
Fiz carreira na Marinha de Guerra, 23 anos, e no Banco Totta e Açores, 11 anos, até ao ponto em que me reformei antecipadamente e decidi voltar às terras quentes de origem, onde agora me dedico ao restauro dos meus clássicos.
Mas Luanda ficou-me sempre no coração, como a todos os que por lá passaram, e só quem não lá esteve é que pode ficar indiferente a estas linahs que escrevemos.
Nada há-de haver como o Mussulo e as suas tardes de praia paradisíacas, nem como à beleza da Ilha, onde eu morava (logo na segunda moradia à direita). Não existe melhor clima no mundo, nem terra tão fértil e rica, nem gente tão boa.
Tal como eu disse anteriormente, foi uma pena...
Um grande abraço