Acidentes de viação. De quem é a culpa? Será só o condutor?

Provavelmente já deve ter lido, visto ou escutado que, num dado momento, se deu um acidente de viação, onde a viatura se encontra fora da estrada e não são visíveis as marcas associadas à travagem, nem indícios de colisão com outra viatura. Perante este quadro, as autoridades dizem desconhecer a causa do acidente.
A causa que posteriormente reportam como "não identificada" poderá dever-se ao fenómeno de "FADIGA" do condutor. Este factor tem vindo a aumentar no relatório de sinistralidade rodoviária anuais (ver tabela abaixo representada).

Quantas vezes é que já teve sono ao volante?

Efectivamente a fadiga é um factor que pode custar a sua vida. Quando as viagens são muito longas, o amanhecer e o anoitecer são alturas do dia propiciadoras dos efeitos de fadiga e da sonolência na condução. No entanto, só alguns condutores é que se apercebem de que estão numa situação de risco e preferem descansar do que arriscar a sua vida e a dos demais automobilistas.

Neste artigo, vamos falar deste e doutros fenómenos, que estão efectivamente associados, directamente ao automobilista, mas vamos também falar dos factores extra automobilista, como por exemplo: Estradas mal construídas, erros de sinalização, juntas de dilatação, que se encontram nas estradas e que fazem muitas mortes ano e ninguém responde por isso. É TUDO ABAFADO!

Seja durante as férias ou nas festas grandes (Natal e Páscoa), as viagens são muito longas. Depois, os automobilistas para evitarem os congestionamentos naturais dessas estradas, preferem fazer as viagens durante a noite, muitas das vezes, depois de horas de trabalho. O cansaço e a alteração repentina do relógio biológico pode levar o condutor mais experiente a render-se ao factor fadiga e posterior sono. O que se recomenda e para si já é habitual, pare e descanse, lembre-se que a sua vida está em primeiro lugar, mas nunca se esqueça que a vida dos demais automobilistas também é importante.

Cansaço e Reacção

O factor fadiga é um estado físico que prejudica a obtenção de bons resultados em qualquer actividade e que se caracteriza pela diminuição das capacidades perceptivas, cognitivas e motoras. Prejudica gravemente os processos de vigilância, a capacidade perceptiva, a resposta reflexa, o tempo de reacção e todo o processo de tomada de decisão.
Agora imagine todas estas condicionantes ao volante de um carro, facilmente poderá compreender o grau de perigosidade que é conduzir de baixo de todos estes factores.

Causas da fadiga ao volante

Algumas das causas, já foram referidas, mas vale sempre a pena reforçar.

Fazer viagens longas depois de um dia de trabalho, noites mal dormidas, refeições pesadas, doença, stress...
Estas são algumas das causas de fadiga. Para evitar a fadiga e o seu agravamento durante a condução é importante ter em consideração as principais causas deste estado físico e anímico.
Em indivíduos de boa saúde, o pico da fadiga e sonolência surge entre as 2h00 e as 6h00 da madrugada (este é considerado o período de sono mais intenso) e, durante a tarde, entre as 14 e 16 horas, esta última e designada por, SIDA - Sono intensivo depois do almoço.
Outros factores a considerar, as noites mal dormidas, doenças, a ingestão de medicamentos (como os anti-histamínicos), o consumo de drogas e álcool e factores associados ao ambiente rodoviário como, paisagem monótona, viagens nocturnas, condições de tráfego e atmosféricas adversas, entre outros.

A fadiga é como o álcool

Há estudos internacionais que comprovam e demonstram que, os efeitos de fadiga na condução são semelhantes aos causados pelo consumo de álcool.
Os estudos mostram que, mais de 19 horas de privação de sono equivalem à diminuição de desempenho observado em indivíduos com taxa de alcoolemia (TAS) superior a 0,5 g/l de sangue. E que, depois de 24 horas sem dormir, essa redução é similar a uma TAS de 1 g/l de sangue.
A condução sob os efeitos simultâneos da fadiga e do álcool é extremamente perigosa. É uma conjugação explosiva (álcool e privação de sono) que pode justificar uma grande parte da sinistralidade rodoviária que acontece no período nocturno. onde a faixa etária mais afectada é a mais jovem.

Outros factores

Quando acontecem acidentes de viação, principalmente nos dias mais chuvosos, há a tendência para se culpar os condutores pelo excesso de velocidade e manobras perigosas.
Se por lado é bem verdade que existe um número elevado de automobilistas que não têm nenhum senso e responsabilidade, quanto à pratica da condução, colocando em perigo a sua vida e a dos demais automobilistas, por outro, temos os problemas associados aos sinais de trânsito mal colocados, estradas mal construídas e técnicas de construção deficitárias e as operações stop em locais perigosos. Certamente existiram muitos mais, mas deixo o espaço em aberto para que os nossos leitores possam também exprimir as suas ideias acerca do assunto.

Sinalização

Segundo a tabela "Causas do Acidente", é bem visível que este factor é o 4.º maior responsável por mortes na estrada. Quando acontecem os acidentes de viação, a responsabilidade recai quase sempre nos condutores, mas quando se tenta responsabilizar os órgãos competentes sobre a matéria, nunca se consegue nada. Os processos normalmente seguem para tribunal e rolam durante cerca 5 a 10 anos.

Estradas

Desde estradas completamente esburacadas, às mal construídas, há de tudo. Uma coisa que não se entende, é o valor que se paga de IUC e as condições em que se encontram as estradas.

Contudo, achamos muito importante falar sobre o assunto, "Juntas de dilatação", muito famosas nas nossas vias rápidas e auto-estradas.
Se para os engenheiros, são muito interessantes, para os condutores são autenticas ratoeiras, principalmente nos dias mais chuvosos.

Vou utilizar como exemplo, a VCI no Porto. Nomeadamente, a saída para o estádio do Dragão e a curva que antecede a ponte do Freixo no sentido Porto / V.N.Gaia. Quando chove, acontecem imensos acidentes, principalmente nestes dois locais e junto às juntas de dilatação.

Agentes da autoridade

É tanto o desrespeito pela lei que estes senhores cometem, que provavelmente só o fazem porque são os "senhores agentes da autoridade".

Mas uma coisa que chamou atenção, foi uma operação stop, que se realizou sobre uma lomba de visibilidade muito reduzida e em cima de um cruzamento muito perigoso, onde a média de acidentes era de 1 por dia. A média de acidentes só baixou, porque a autarquia colocou separadores e desactivou o cruzamento. No entanto, continua a ser um local perigoso. É importante referir que eles colocam um carro azul estacionado num local que é proibido estacionar ou parar, para tirar fotos aos carro que passam, alguns em excesso de velocidade e outros que passam dentro dos limites legais, mas que vêem perigo, sempre que chegam à dita lomba e avistam uma data de carros parados na faixa de rodagem, numa zona de visibilidade reduzida, para não dizer, visibilidade nula. Isto acontece na Av. da Conduta em Gondomar.

Abraço
Luís Nunes
 

Guilherme Bugalho

BUGAS03
Portalista
Parabéns por te lembrares desta problemática e trazer para aqui.
Se é certo que EM ULTIMA ANALISE a responsabilidade pelo acidente é do(s) condutore(s) o certo é que autoridades e governo pouco fazem para o(s) diminuírem
Vejamos a historia dos cruzamentos.Como há um que apresenta muitos acidentes as Câmaras Municipais e a "Estradas de Portugal" o que fazem???
- Simples "Rotunda", para diminuir a velocidade pois claro.
Na prática o que se passa; passa a haver acidentes mas com menos gravidade; e por vezes acidentes que antigamente não havia (como passar a direito por cima da rotunda) :DD
A razão é simples o conflito de transito continua a existir.
Somos um país rico para algumas coisas para outras nada de dinheiro.
Que tal substituir algumas rotundas (onde haja espaço) por passagem de transito desnivelado??
Nos dias de hoje onde para evoluir é necessário ser mais rápido e eficiente; porque raio se opta por soluções que tendem a diminuir a velocidade???
Não ficaria mais "barato" ao país mudar essas rotundas por cruzamentos desnivelados??
Estes "inteligentes" que pensam a mobilidade em Portugal (IMTT e afins) não "enchergam"
que apesar de ser o vulgar cidadão a pagar as pastilhas de travões, gasolina, tempo perdido etc...; isso tem de ser importado e como tal vão ser divisas a sair do país.
A longo prazo penso que alguns cruzamentos ficavam mais baratos ....
Mas como em PT só pensam a curto prazo (eleitoral); é o que temos ..
Bem mas isto (rotundas) não acaba aqui :DD
E que tal colocar no código da estrada "articulação" de modo a que quem pensa estar a cumprir com a Lei depois não seja confrontado em tribunal por outra legislação.
Como quase todos nós sabemos o actual código da estrada é uma "porcaria" (espelho de quem fez a Lei - digo eu) que nem sequer "prevê" coisas/veículos que já existem há anos, enfim.....
A culpa é sempre do condutor; isto faz-me lembrar o resultado dos inquéritos a acidentes de aviação. :wacko::wacko:
 
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