A palermice de restaurar veículos!

Hugo Paula

SPRINT
Adorei o comentário, as palavras e o seu sentido. Como muitos já disseram é esse o espírito. Eu vejo-o de maneira diferente, pois não sou eu próprio a restaurar os "carros velhos". À custa deles os dois, e de um terceiro que estou em vias de adquirir a um dos membros aqui do Portal, tambem ja fiz amigos, e já aprendi muito sobre a marca. Um dos que tenho, tirei-o de uma sucata, cor de rosa e com musgo nos para-choques. Gastei rios do meu ordenado de português em oficinas, mas hoje está "novo", um autêntico relogio, mas há-de ser sempre considerado um "cancro". E no sítio onde trabalho também há quem diga "o gajo dos carros velhos", ou "comilões", e quantas vezes já me disseram "vende essas cangalhas e compra um carro novo e economico". Vou comprar um mais "velho" e "comilão" que os outros dois, mas que é o meu sonho de infancia!
Não há pior insulto, mesmo que seja o mecânico a restaurar e nós a acompanhar. Não tomei banhos de sonasol, mas passei umas noites sem dormir à procura de peças... é uma perspectiva diferente de viver a mesma situação!

Saudações de mais um eterno apreciador de "carros velhos"
 

Nelson Dinis

ndinis666
António Barbosa disse:
A coisa mais estranha que me chamaram foi "mineiro", pois estava sempre no fundo do...Mini.

SOMOS TODOS IGUAIS!!!!!

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Pois é amigos Apenas tenho 22 anos, mas estas palavras colocaram me as lágrimas na cara. Acho que nunca nenhum texto me fez sentir tão feliz, Mike, com sua permissão este seu post vai direitinho para o meu blog, com as devídas referências ao autor. Desde que me lembro que sempre tive um carro na cabeça, ainda não é um clássico, mas se não o fôr perco o sentido dos clássicos... Falo do Lancia Delta, o carro dos carros, o imaculado campeão de ralis, a besta, a bomba, o caixão com rodas, tudo o que lhe queiram chamar, mas acima de tudo, o carro dos meus sonhos. Se verificarem o meu blog ( ndinis666.blogs.sapo.pt ) vão ver um texto sobre a minha paixão por este carro e suas consequências no meu quotidiano, podem também ler a resposta de um dos meus melhores amigos relativamente a isto.. Mas sabem, cada vez que olho para os meus carros, lembro-me de um Carlos Oliveira(Alfafan), um David Cunha(Sapec), um Rui Cruz, um Fernando Salgueiro entre tantos outros que apesar de não mencionar merecem todo o meu respeito, admiração e amizade, e pergunto-me como me teria enriquecido assim se não fosse esta paixão? Gostava de perguntar aos entendidos do café e da bola o nome do outro entendido com quem estiveram a falar ontem, e que recordação guardam dele! Perguntar-lhe em que ficou mais rico?! Perguntar-lhe durante quanto tempo se vai lembrar dele?! Quantas fotos vão ficar dele para mostrar aos filhos?! Porque vai sentir no futuro saudades do passado, dizem que o homem morre mas a obra fica, pode não ser muito, mas ao escrever o meu nome no google, é a minha obra que aparece! O meu pai continua a criticar-me por estoirar cada cêntimo que tenho, e às vezes que não tenho, no delta e na nissan... mas cada vez que ele vê um carro do passado lembra-se das histórias que teve com esses carros e fica saudoso, na automobilia, tal como em outros lados ouvi-o dizer pelo menos duzentas vezes, "precisava de uma malha quando vendi este carro!" É isso que eu não quero. A minha nissan, que já muitos conhecem, foi a escolha que me define. Na altura tinha como opção uma citroën Berlingo praticamente nova, mas após seis meses de carta uma parede "no caminho" fez valer cada riso de gozo e condenação pela escolha! A nissan encolheu mais do que a berlingo tem de frente! após todo o dinheiro gasto no restauro, a opinião geral era uma: SUCATA. Meus amigos, é o meu primeiro carro, foi a escolha que fiz, preferia a um lancia delta que lá esteve momentaneamente em casa. A carrinha foi para a garagem quase um ano, num estado que me fazia chorar muitas vezes ao entrar nela... os meus primeiros "drifts", o meu primeiro quilómetro sozinho dentro de um carro.... tal como alguém disse, tantas primeiras vezes... O restauro foi para a frente e tive de desistir de uma outra viatura para reparar a minha nissan... Mas mesmo hoje com o frio que está, entrar dentro dela e após o aquecimento das velas dar à chave e ter um carro que pega à primeira... impagável... agora segue se o desafio da minha vida.... Delta HF Turbo, um restauro que me consome cada segundo livre, mesmo não estando a mexer no carro, mas sempre a pensar em tudo o que há para fazer, em cada euro que vou gastar. Mas sinceramente senhores, vamos olhar para os "entendidos". Vamo-nos imaginar a abrir a persiana do nosso quarto e vêr lá em baixo o nosso "BM" topo de gama, e pensar no dinheiro que perdemos enquanto dormia-mos. Vamos abrir novamente a persiana e desta feita olhar para o nosso clássico.... Qual de nós começa melhor o dia? Por isso meus amigos... Deixem os entendidos falar de nós, os palermas que estoiram hoje para se necessário colher amanhã!
 
chassos velhos? nah...
eu não tenho classicos verdadeiros, mas dentro de 5 anos serão grandes classicos sim! e o que são 5 anos no tempo? um tirinho.
Quando vou de 205 Cabriolet cheio de mossas com estofos rasgados ja´toda a gente olha toda a gente se mete comigo, alguns mandam uns bitaites do genero "isso deve andar muito não? é o GTi?" etc...
Quando vou de calibra toda a gente diz que é um maquinão e ninguem acredita que o carro é de 1991, toda a gente pensa que é um carro com 3 ou 4 anos no maximo, está muito bem conservado.

Eu adoro os meus carros
 

Bruno ricardo silva

Opel Manta A
Isto sim vale a pena ler... eu também sou daqueles que nada de "Bola,Jogo,Record, etc..."; só Topos & Clássicos, Portal dos Clássicos, competiauto e etc...:)
Nem sempre somos compreendidos pelo gosto que temos, mas não faz mal pois o que importa é fazermos o que gostamos e concretizar-mos sonhos!!! E não podemos esquecer que todos os senhores dos escritórios, podem precisar dos gajos dos carros velhos para lhes safar um dia ás nove da manha quando o mercedes não pega por falta de bateria ou por o que for!!
Mas enfim, vamos rindo quando eles dizem " o meu carro chia muito, deve ser a correia da braiagem"
Adoro esta... Ah Ah Ah
Cumprimentos a todos vocês amigos!
Adoro este Portal
 

João Patornilo

YoungTimer
Muito bonito mesmo... Eu continuo a opinar que quem tem um clássico é muito mais que um apreciador de automóveis, é na minha opinião, uma pessoa com classe em que valoriza o progresso automóvel e cada vez mais desvaloriza a tecnologia automóvel. Mas é só uma opinião.
Há dias fui fazer uma mudança de óleo ao meu Alfa Romeo Gt Veloce 2000 e vira-se um tipo: "Porque é que não compras-te um carro novo assim como o meu (BMW p... que o p...iu)?" Eu tentei fazer entender que se quisesse um teria-o, mas são umas banheiras que se por ventura tiver um problema na centralina bem pode vir dinheiro... Mas concluí por dizer-lhe: Como o teu há muitos mas como este já não é bem assim e se conseguires com que tenhas um igual a este dou-te os meus parabéns! Além do mais desvalorizam e de que maneira ao contrário de um clássico.
Mas ainda bem que li estes comentários porque realmente há alturas que vamos desmoralizando porque ninguém é apaixonado como nós somos pelo nosso clássico e o que pretendem é desvalorizá-lo mas não conseguem!
Eu comprei o meu à cerca de um ano e não estou nada arrependido... cansa é um bocadinho o facto das cabecinhas das pessoas rodarem à medida que seguimos o nosso caminho! Boas curvas a todos
 

F.V.Paixão

Clássico
Quando li o 1º post deste tópico do Mike, impecável, fez-me lembrar um papo que tive com um colega há uns 3 anos, que me disse para me deixar destas" tonteiras" (palavras dele)de restauros, pois, é anti- económico e nunca ía ter um carro novo. Disse-lhe que tenho vários "carros velhos" a trabalhar, arranjados por mim e nunca fiquei descalso. Ele já teve um carro novo só por um dia ou uma semana, pois passado esse tempo deixou de ser novo e passou a ser recente e que gastava mais dinheiro do que eu. Ele perguntou como era isso possível. Expliquei-lhe que os meus carros custaram em média cada um 150€. Paguei uma vez e pronto. Ele está à 6 anos a pagar o mesmo carro, cada mês paga 200 e tal euros, sujeito a ficar sem ele e sem o dinheiro já pago, se falhar algumas prestaçôes. O carro dele, hoje, já não é novo, nem recente, e vale pouco mais que os meus.
Devido a este hobby já conheci malta do norte ao sul. Aprendi a saber como um carro funciona e sei arranjá-los se algo avaria. Já ajudei-o até só a mudar uma lampada, pois ele nem isso sabe fazer. Outros ajudei em tarefas que duraram um dia todo. Outros não sabem o que devem fazer ou quando fazer, tais como mudas de óleo ou correias de distribuição e afins.Isto sem cobrar nada de volta. Acham-se todos eles gente sabedora e esperta, mas ficam a pé por não saberem fazer nada do que interessa, faltam ao trabalho por falta de transporte ou não vão de férias porque não têm um carro "velho" para substituir o "novo" que teve um toque e está na oficina. Tudo isto se passou com eles. Sabem discutir o Benfica o Sporting ou o Braga ou até o Barcelona, mas isso não os leva a lado nenhum,seja á mercearia ou à farmácia nem vai buscar o filho á escola. Sabem as novelas todas das TV´s e os jogos das consolas. Mas ficam a pé sabendo isso tudo. Outro, vendo que não discuto esses pormenores perguntou-me qual era o meu hobby, ou o que fazia durante o meu tempo livre, pensando que era um pobre coitado não sabendo fazer nada. Disse-lhe que não tinha tempo livre. Que participo em forun´s relaçionados com carros e afins, onde aprendo e tento ajudar quem precisa, que tenho uma pequena oficina onde restauro, melhor ou pio,r os carros que compro baratos ou os que me dão, o pessoal vai lá pedir ajuda em coisas que precisam nos carros, pois não podem pagar ás oficinas porque os ordenados são baixos e estou entretido com aquilo que gosto, mecânica. Ficou com os olhos muito abertos de admiração e disse que já tinha reparado que não ía trabalhar sempre no mesmo carro pois já me viu com 3 ou 4 carros diferentes e pensou que eram emprestados ou da família. Referiu que isso era muito bom pois não pagava a mecânicos sabendo fazer as coisas, e dava-lhe jeito saber que eu sabia fazer isso. Eu disse-lhe que se deixasse de futebóis e aprendesse a fazer as coisas. Tinha era de sujar as mâos e deitar-se no chão e fazer serão quando fosse preciso. Aí torceu o nariz.
Então vais continuar a pagar ás oficinas, sem te queixares, disse-lhe eu.
Desculpem o texto longo mas perco-me quando escrevo.
Alguém já referiu que o Mike devia escrever um livro. Concordo.
 

bruno m fontinha

YoungTimer
Este e um topico que realça a natureza,a mensagem,o porque do forum existir.As vezes podemos tar chateados com a vida que nem sempre corre como queremos.Passei a minha juventude a trabalhar na oficina com o meu pai.Durante a semana escola e ao sabado enquanto que os amigos iam sair eu la tinha que ficar a ajudar o meu velho.Foram tempos dificieis pois ficava chateado e tentava perceber o porque de eu nao poder fazer as mesmas coisas dos outros.Alem de fazermos tudo de manutençao geral excepto electricidade fizemos muitos restauros,minis,cortinas,etc...Foi la que montei o meu 1 carro:Citroen ax sport,foi todo desmanchado duma ponta a outra.A cada dia que passava mais uma parte do carro estava pronta e a ansiedade aumentava para o ver na estrada.quando saiu foi o cumulo,o carro vinha endeabrado,andava ate mais nao.Depois por varios motivos sai do ramo e agora estou noutro sector.No meu trabalho existe muito muito a teoria do engraxamento e quem nao vai no mesmo barco e posto de parte.Sao situaçoes que apesar de nao fazerem parte da minha filosofia de vida com o tempo aprendemos a lidar com elas,passamos por cima e avançamos.Por isto tudo faço apenas o que me compete e nada mais.Digo as vezes a uns conhecidos que se for para fazer alguma coisa num carro de pref. classico as 6 da manha ja estou pronto para trabalhar e ate trabalho de borla,apenas pelo gosto.No meu trabalho real nada me faz levantar numa folga para "desenrascar" a empresa.Nada nos pode impedir de fazermos o que gostamos,se tivermos familia cabe a cada um encontrar um equilibrio para consiliar as dua coisas.Qualquer que seja o vosso classico nunca desistam do por a vosso gosto,o resto e paisagem.
 

Luis C Matos

Clássico
Boas Pessoal,

Já venho a acompanhar, lá na sombra, este tema a que não pude deixar de resistir a deixar um pouco de contribuição (como quem paga impostos).

Ora, a restauração é para muitos indivíduos uma passagem de tempo enquanto amadores e para muitos outros, uma arte e trabalho que lhe coloca algo na mesa apesar da magra sardinha congelada e daquele pão já com 4 dias de reserva.

Para quem o bem tenta fazer somente há a perder tempo e se tiver uma data de sorte bem pode dar-se por contente, no final, em não cometer muitos erros de principiante para depois não se lamentar ao técnico da oficina que acaba por descobrir, apesar das mil histórias do cliente, que aquilo é um trabalho feito em casa sem mais nem menos e a tal “malta da ferrugem”, turma esta da qual faço parte, vai ficar a pensar o seguinte: “Este tipo bem o tentou, mas podia ter feito melhor”.

Conheço pessoas que se dedicam a pintar jantes cometendo erros tremendos com o uso de latas de spray de grafiteiros. É vê-los de cócoras a limpar simplesmente as adoradas jantes e toca a dar tinta a torto e a direito indo ao ponto de pintar os pneus qual pintura psicadélica da Era Aquário e há outros que até munidos com um pincel e com pequenos rolos e simples tinta de esmalte chegam a dar retoques em plena rua na carroçaria e cujo trabalho final é bem capaz de competir com quadros do famoso Picasso. Cada um lá possui a sua maneira de entender e ver o mundo pelos seus prismas, pelo que ver uma situação destas e tentar meter a colher no bom sentido de explicar como se faz correctamente é pior que tentar dar cereais a um leão com uma colher de café.

O restauro de carros pode ser feito por qualquer pessoa com conhecimentos mínimos dos trabalhos que vai realizar. No fim e ao cabo toda a gente, sem excepção, quer experimentar algo de novo na sua vida só para chegar no fim e dizer “Fui eu que fiz” e a humanidade enquanto humana não está nunca na vida livre de ser considerada a raça que domina o mundo com mais erros do que qualquer outra espécie de vida que por este mundo se conheça tanto em terra quanto no mar ou céu.

Não é um amador que seja capaz de apresentar, pois, um trabalho final digno de ser registado no livro dos recordes como o pior trabalho do ano como também não é o trabalho profissional que poderá lá ir parar ao mesmo livro como a melhor obra do mundo e chegar a ganhar medalhas de mérito.

Em ambas as situações há um certo equilíbrio natural e humano que vai conferir, no final, aos seus realizadores as suas próprias medalhas já que todo o trabalho é a sua própria assinatura e só esta demonstra perante quem observa todo o conjunto, como quem se encontra no museu, se é uma obra de arte ou uma grande idiotice digna de primeiro lugar no famoso museu dos horrores de Madame Tussauds como aquele tão bom trabalho de “sovela e arame” que uma certa pessoa que bem conheço há muitos anos na minha vida fez na tentativa de remendar o pára-choques do seu belo Ford Puma que no final mais parecia um trabalho saído das mãos do nosso tão conhecido “Doutor Victor Frankenstein”.

Depois disto temos ainda os que vêm dizer que “estão cozidos” da vida porque aqui e acolá o trabalho por eles feito começa a cair, descascar, perder cor ou até que eles próprios não gostam do objectivo alcançado que tanto destoa do resto e por vezes a minha resposta não é nenhuma já que é preferível o silêncio do que um comentário que me faça perder o tempo útil de trabalho a explicar o que está bem e mal. Aqui a mim, na maioria das vezes, só me compete trabalhar e rectificar as coisas e ao cliente o lugar de exigir a melhor solução encontrada para o seu incidente de principiante depois de ele dar o seu aval no orçamento que lhe foi apresentado de antemão.

Há quem arrisque e outros nem sequer o tentam. A aventura da vida é esta e ir ao encontro do desconhecido não é só uma forma de vida mas sim de coragem mesmo sabendo atempadamente, no seu íntimo profundo, que vai cometer erros por conta, culpa e desconhecimento. Há quem tente fazer várias vezes até alcançar a perfeição e quem não aprende com os seus erros está condenado a repeti-los no seu futuro. O resto é somente uma longa história que pertence ao mundo do automóvel onde desde o início da Era do Carro se fazia a mesma coisa de forma caseira e se eles o tentaram, independente dos seus métodos, só no final poderiam julgar por si se o seu trabalho e esforço foi o adequado às suas necessidades e hoje nada impede ninguém de se meter pelos mesmos atalhos.

Tive, pois, dois grandes mestres com mais de 30 anos na arte. O primeiro dizia-me que “Trabalho mal começado acaba em trabalho mal acabado” e o segundo já me dizia que “Trabalho experimentado nunca dá bom resultado”. Logo, posso ficar pela ideia que só há uma maneira de fazer um trabalho e este é realiza-lo da forma correcta já que perde-se o mesmo tempo a fazer um bom ou mau trabalho e deste último só resulta mais despesa. E por aqui fico, e aproveitando o ensejo deste meu post, deixando a todos grandes sucessos no seu trabalho e aventura.

A bem da Nação e do Mundo Automóvel.
 

Vitor Bruno Costa

YoungTimer
O texto do Mike fez-me lembrar aqui há uns dias a minha priminha com os seus 3 anos. Levei-a a ela e ao pai a dar uma volta no meu Renault 11 Turbo e ela virou-se para ele e disse "o carro do Vi parece um avião." tongue.png
 

Anexos

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Luis C Matos

Clássico
Ora bem, este é um bom tópico. Logicamente que uns e outros tem uma forma de viver diferente da dos restantes vizinhos. Uns restauram aquilo que é considerado velho enquanto outros compram novo, no fim e ao cabo uns metem a cachola na barraca das ferramentas e outros colocam a tola ao sol de uma qualquer praia.

Mas, vamos a resumir isto dos restauros. É que muita malta que adquire hoje bons popós, podem muito bem, estar sem eles, já nos próximos anos, talvez pela causa da crisite aguda que a todos afecta, talvez por demasiados créditos, talvez por culpa de um sistema social e político que afinal a todos, sem dúvida, confere o seu belo momento de fama e depois lho retira por uma e por mil razões.

É sabido que estar no pódio não dura para sempre, mas quem vive na tal “mó de baixo” pode e sabe sobreviver melhor do que muitos que não conseguem sequer imaginar as suas vidas sem a mais actual maquineta sobre 2 e 4 rodinhas que afinal foi este ano o tal carro do ano e para o ano não passa de um tamanco velho substituído por uma outra marca qualquer.

Mas aqui fica o caso. Eu tive um serviço numa grande refinaria do Norte, que não irei revelar qual é. Tive que esperar na portaria pelos papéis e ordens de serviço que me competia fazer e em quase uma hora de espera pelo aval lá mantive o inevitável diálogo com os dois seguranças de portaria em forma de quebrar a monotonia.

Diante de mim estava um belo parque de estacionamento privado. Metade das Marcas das famosas letras começadas em Audi, Alfa, Bmw, Mercedes, Ford Mondeo. e até o mais recente Mini faziam sobressair ou suspeitar, tanto a mim quanto a qualquer um visitante deste local, e quase de imediato que os seus operários mantêm uma boa linha de crédito e outra de bom poder de aquisição. O parque é VIP e bem anunciado e só para os poucos eleitos que ali podem meter as suas maquinetas.

Às tantas aparece à entrada um antigo e velhinho Mini, na sua quase sumida cor avermelhada, que me pareceu cruzar dignamente o tempo qual carro saído de uma época anterior e transportada para o nosso actual tempo. Fez-me lembrar um cenário do “Regresso ao Futuro”.

O tal senhor já de boa idade e cabelos grisalhos, mal parou à cancela automática, teve logo a mesma em sentido de continência e os próprios seguranças se colocaram de pé e saíram para fora da portaria redobrados de mil e sabe-se lá quantas mais atenções, não fosse o caso de haver um qualquer raio de um estúpido mosquito a chegar a atrapalhar a marcha desta relíquia do século passado que rumou depois, sem mais demoras, ao parque VIP e estacionou em lugar de honra onde se podia ver que o motorista bem habituado ao local estacionou sem hesitações num espaço reservado totalmente para o digno e, para mim, ainda misterioso e intrigante visitante com tal relíquia entre as mais recentes e reluzentes maquinetas do mundo automóvel que fazia um cenário de contrastes de 2 épocas distintas entre um passado e um presente.

Fiquei a pensar: “Ora bolas, este homem acaba de trazer o velho “relógio de bolso do avô e ainda é tratado melhor do que a Rainha de Inglaterra?”.

Tanto quando pude ver, o tal senhor nem se dignou a tirar a chave da ignição e saindo da viatura acabou por nos atirar, a mim e aos seguranças, uma “Boa tarde” e lá se dirigiu às instalações enquanto, aos seguranças, só lhes faltou fazer a tal vénia da praxe dos velhos castelos ingleses.

Perante o meu espanto deste cenário, eu questionei os seguranças:

- Olhem lá, este senhor deve ser antigo empregado e reformado desta refinaria?”

A resposta veio rápida e esclarecedora como quem deixa cair um martelo num pé:

- Não senhor! Este senhor, que acabou de entrar com aquele velho mini, afinal é o dono desta refinaria e de outras!”.

E acabei por ficar caladinho sentado na minha cadeira da sala de espera a pensar que afinal não é o carro que diz nada do dono, mas sim, pois, o que ele possui e depressa me lembrei de um ditado que me veio à cachola e que, aqui e por forças deste post, adapto à situação:

“Quem vê carros, não adivinha quem é que o guia quanto mais quem ela é”.
 
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