Olá amigos !!!
Já que estamos "numa" de saudosismo quero também deixar a minha achega.
Sou natural de Lisboa e entrei para a recruta da FAP, na OTA, em 72 onde tirei o curso de OPCART (controlador aéreo) e ao contrário das outras especialidades em que os mais "burros" dos cursos eram "exportados" para o Ultramar ou para os Açores como "castigo", ao ser o 3º classificado no meu curso fui colocado na B.A. 4, ilha Terceira, trabalhando em "joint venture" com o destacamento americano.
Comecei por me "ambientar" na sala de operações de voo, onde na altura se dava assistência não só á "nossa" Força Aérea como também a todas as tripulações estrangeiras que por cá passavam.
De cabo especialista passei a Furriel em promoção directa e mais tarde a 2º Sargento miliciano, o que na altura só era possível nesta especialidade.
Das OPS passei para a Torre de controle onde comecei como "assistant", lado a lado com os americanos, e mais tarde fui "largado" como "crew chief", sendo responsável pelo meu turno e dando "ordens" a colegas da USA Force, até mais graduados que eu.
Depois disso "desci" para a sala de Radar onde, novamente, comecei a dar assistencia aos colegas e depois de ir aprendendo fui sendo credenciado como controlador de final (final approach control), e controlador de aproximação (search and approach), o que equivale a dizer que, em certos dias "complicados", ou de mau tempo, tive na "mão" a vida de muita gente a depender das minhas decisões e avaliações das circunstâncias do momento. Claro que nunca foi um trabalho a solo e havia sempre alguém a supervisionar, a ter uma segunda opinião e a dar uma ajuda mas, felizmente, nunca foi necessária uma intervenção profunda, apenas umas dicas no sentido da melhoria de serviço.
Não me vou "babar" mas tenho um certo orgulho em afirmar que durante esse "meu" tempo fui o único português a ser credenciado e aceite em ponto de igualdade com todos os colegas da USA Air Force e "só" não cheguei a crew chief por "falta" de tempo. Naturalmente que alguns antes e muitos outros depois tiveram a oportunidade de passar por essa experiência, mas naquela altura não "havia" mais ninguém.
Foram seis anos que me marcaram profundamente e me deixaram imensas saudades e ainda hoje recordo, não só os bons momentos que passei como também algumas "aflições" que estão sempre associadas a este tipo de serviço.
Não há dúvida que os "pilotaços" sempre foram uma elite á parte mas nunca esquecerei a "nossa" citação, que será sempre verdadeira: "Controllers tell pilots where to go".
E mais nada...!!!
Para além da vida militar gostei tanto dos Açores, e da ilha Terceira, que ainda por cá me encontro, até ver.
Grande abraço a todos e a "possíveis" colegas que tenham passado pelo control aéreo das Lages.
Bento