Caro amigo,
O problema básico deste tipo de carburação é a questão da aplicação ser completamente diferente. Os carburadores de mota têm uma afinação e débito adequados a um motor radicalmente distinto da maioria dos motores automóveis.
A utilização de uma carburação deste tipo será adequada quando o perfil do motor se assemelha ao original. Quando me refiro a isto, estou a falar em came(s), compressão, relações de diâmetro e curso de pistão, perfil de escapes, etc. Todo o motor é uma orquestra, e tem de se ter os "instrumentos" todos afinados em sintonia, senão o resultado é uma cacofonia.
Além disso, tem sempre a velha questão: é para usar o carro em estrada ou é só para brincar? É que uma afinação deste tipo torna o carro quase intratável em estrada, e nem pensar em trânsito... todo o regime baixo vai embora com carburadores grandes, e se forem pequenos tem baixas mas depois sofre de falta de ar em altas rotações.
Um motor de mota não tem de ter um binário alto para carregar com o peso de um automóvel, por isso os regimes baixos são sacrificados em função de um bom desempenho em alta rotação. O motor é muito solto e rotativo, enquanto o motor do automóvel normalmente é mais alinhado pela necessidade de ter bom binário, e com um volante pesado para manter a linearidade de funcionamento a regimes baixos. São situações diametralmente opostas.
Para fazer isto encontrar-se algures pelo meio, exige muitas alterações a nível de motor no carro, e mesmo assim muitas vezes torna-se imperativo alterar algum do perfil dos carburadores para corresponder. Tudo isto torna o exercício provavelmente mais caro que adaptar carburadores já adequados aos motores de automóvel, embora mesmo esses só tenham um bom desempenho se a especificação do motor estiver à altura, mas já não se torna necessário algo de tão radical.
Espero ter ajudado... um abraço!