Ricardo Teixeira
Gasolina nas veias
Acho que todos por aqui, pelo menos os mais antigos, já são conhecedores da minha predileção pelos Corvette.
A resistência inata à corrosão, a simplicidade do motor e extremamente reduzida necessidade de manutenções, o baixo custo de peças e o resultado final a transbordar o "sex appeal" dos "muscle cars" americanos são de facto os principais motivos.
Em quase 11 anos que estou em Angola, muito poucas coisas vi que me despertaram a atenção (infelizmente).... O conceito de antigo não existe, apenas o "novo" e o "velho". Quase nada chega a ver a luz do dia em que conquista o status de clássico ou antigo...
Neste caso em particular, já tinha ouvido falar na viatura. Supostamente estava imobilizada à vários anos, com a instalação elétrica toda mexida e com a bomba de gasolina fora em experiencias.... Ninguém o conseguia colocar a trabalhar: nem o dono, nem o sobrinho, nem os mecânicos e eletricistas, nem a Bosch nem o concessionário Chevrolet local. Como o envelhecimento aqui é exponencialmente mais agressivo do que na Europa, nunca mostrei interesse em sequer ver o carro...
Um dia, estávamos a passar junto do local do ultimo avistamento e decidimos parar para me mostrarem a máquina. Já lá não estava, mas combinou-se um dia para lá a ir ver. Numa cidade com 5 milhões de pessoas, foi coincidência o carro estar no final da rua onde trabalho...
O estado era exatamente o que eu imaginava. Um envelhecimento brutalmente implacável do estado geral da viatura.
O dono, contactado telefonicamente, obviamente que foi perentório em deixar bem claro que não lhe interessava a venda, mas que o apoio em resolver o problema ou o restauro seriam bem vindos, e para isso passou semanas mais tarde no meu local de trabalho.
Em conversa informal, e após o desabafo da última década em que o carro esteve imobilizado sem uma solução encontrada, ele acabou por contar a razão do apego à viatura:
"Quando era mais novo e fui em 1996 aos USA em trabalho, comprei este carro num stand em Washington. Os documentos de transferência de propriedade e primeiro registo que vi com os meus próprios olhos tinham o nome do "Eddie Murphy". É algo que para mim tem muito valor e nunca considerarei vender o carro. Ficará para o meu filho ou uma das minhas filhas".
Obviamente que fica sempre a dúvida da veracidade dos factos, mas aqui ficam os pontos a favor desta historia que descobri:
- Eddie Murphy passou um mau bocado entre 1992 e 1996, com muitos flops a serem lançados. Poderia ser a razão pela qual venderia um carro com apenas 2 anos? Nessa altura ainda não tinha os milhões que posteriormente veio a arrecadar.
- Ao navegar pela net, todos os carros que vi do Eddie Murphy (actualmente) são pretos. Mercedes SLS, Aston Martin Vanquish, os dois Rolls Royce Phantom (Drophead Coupe e o clássico) e Ferrari GTB599 Fiorano. Coincidência?
- A montagem de som deste carro é uma coisa de outro mundo. Se considerarmos que foi em 1994, então estamos perante um trabalho que deve ter custado quase tanto como o carro em si. Não só os amplificadores e crossovers era todos "Classe A", como as cablagens e terminais eram todos de altíssima qualidade. As marcas destes equipamentos eram também todos topo. Quem gastaria tanto dinheiro numa montagem destas, num carro com sistema de som original da "Bose Gold Series"? Provavelmente algum com (muito) dinheiro para gastar....
- As jantes de origem deste modelos têm acabamento brilhante (Diamond cut), mas estas em particular foram polidas até fiarem espelhadas e depois incluíram detalhes de baixo relevo em preto. Um detalhe caro e para alguém que de facto se queria destacar na personalização da viatura.
Fica agora o desafio para todos vós - mestres cibernéticos da informação on-line, para tentar encontrar mais indícios que possam ou não comprovar esta versão da história....
Cumprimentos,
R
A resistência inata à corrosão, a simplicidade do motor e extremamente reduzida necessidade de manutenções, o baixo custo de peças e o resultado final a transbordar o "sex appeal" dos "muscle cars" americanos são de facto os principais motivos.
Em quase 11 anos que estou em Angola, muito poucas coisas vi que me despertaram a atenção (infelizmente).... O conceito de antigo não existe, apenas o "novo" e o "velho". Quase nada chega a ver a luz do dia em que conquista o status de clássico ou antigo...
Neste caso em particular, já tinha ouvido falar na viatura. Supostamente estava imobilizada à vários anos, com a instalação elétrica toda mexida e com a bomba de gasolina fora em experiencias.... Ninguém o conseguia colocar a trabalhar: nem o dono, nem o sobrinho, nem os mecânicos e eletricistas, nem a Bosch nem o concessionário Chevrolet local. Como o envelhecimento aqui é exponencialmente mais agressivo do que na Europa, nunca mostrei interesse em sequer ver o carro...
Um dia, estávamos a passar junto do local do ultimo avistamento e decidimos parar para me mostrarem a máquina. Já lá não estava, mas combinou-se um dia para lá a ir ver. Numa cidade com 5 milhões de pessoas, foi coincidência o carro estar no final da rua onde trabalho...
O estado era exatamente o que eu imaginava. Um envelhecimento brutalmente implacável do estado geral da viatura.
O dono, contactado telefonicamente, obviamente que foi perentório em deixar bem claro que não lhe interessava a venda, mas que o apoio em resolver o problema ou o restauro seriam bem vindos, e para isso passou semanas mais tarde no meu local de trabalho.
Em conversa informal, e após o desabafo da última década em que o carro esteve imobilizado sem uma solução encontrada, ele acabou por contar a razão do apego à viatura:
"Quando era mais novo e fui em 1996 aos USA em trabalho, comprei este carro num stand em Washington. Os documentos de transferência de propriedade e primeiro registo que vi com os meus próprios olhos tinham o nome do "Eddie Murphy". É algo que para mim tem muito valor e nunca considerarei vender o carro. Ficará para o meu filho ou uma das minhas filhas".
Obviamente que fica sempre a dúvida da veracidade dos factos, mas aqui ficam os pontos a favor desta historia que descobri:
- Eddie Murphy passou um mau bocado entre 1992 e 1996, com muitos flops a serem lançados. Poderia ser a razão pela qual venderia um carro com apenas 2 anos? Nessa altura ainda não tinha os milhões que posteriormente veio a arrecadar.
- Ao navegar pela net, todos os carros que vi do Eddie Murphy (actualmente) são pretos. Mercedes SLS, Aston Martin Vanquish, os dois Rolls Royce Phantom (Drophead Coupe e o clássico) e Ferrari GTB599 Fiorano. Coincidência?
- A montagem de som deste carro é uma coisa de outro mundo. Se considerarmos que foi em 1994, então estamos perante um trabalho que deve ter custado quase tanto como o carro em si. Não só os amplificadores e crossovers era todos "Classe A", como as cablagens e terminais eram todos de altíssima qualidade. As marcas destes equipamentos eram também todos topo. Quem gastaria tanto dinheiro numa montagem destas, num carro com sistema de som original da "Bose Gold Series"? Provavelmente algum com (muito) dinheiro para gastar....
- As jantes de origem deste modelos têm acabamento brilhante (Diamond cut), mas estas em particular foram polidas até fiarem espelhadas e depois incluíram detalhes de baixo relevo em preto. Um detalhe caro e para alguém que de facto se queria destacar na personalização da viatura.
Fica agora o desafio para todos vós - mestres cibernéticos da informação on-line, para tentar encontrar mais indícios que possam ou não comprovar esta versão da história....
Cumprimentos,
R