Acho que já em tempos se discutiu isto aqui, mas já nem sei aonde... acho que convém fazer aqui algumas distinções.
Aquilo que vocês chamam de ignição electrónica eu chamo de substituto dos platinados. Porquê? Porque é só isso que fazem. Estão a substituir os platinados por algo que tem menos perdas e um sinal mais consistente, mas nada faz para dar ganho significativo à potência da ignição em si. Já fiz ensaios com carros equipados com esse tipo de sistemas e o ganho é negligível, simplesmente se omite a inconsistência dos platinados e condensador. Em termos de fiabilidade é de facto um ganho, mas no desempenho não há diferenças.
Aquilo que eu chamo de ignição electrónica é um amplificador, que usa um circuito de controlo para alimentar a bobine não com os 12V nominais do circuito mas algo bem mais elevado, com a consequência de produzir uma faísca muito mais forte e consistente, capaz de tolerar todo o tipo de interferências e dificuldades.
Já aqui referi várias vezes que monto nos meus carros de uso diário um amplificador da MSD, no meu caso ainda utilizando os platinados (que não sofrem desgaste nenhum pois deixam de passar a corrente toda que a bobine precisa para passar a usar um sinal muito fraquinho só para referência do amplificador) mas que alimenta a bobine com 475 V.
A diferença é extraordinária, e posso dar-me ao luxo de abrir os eléctrodos das velas a mais de 1 mm sem problemas, a faísca é uma descarga estrondosamente mais forte. Além disso, o modelo que eu uso faz 3 eventos de descarga seguidos a regimes baixos, por isso a combustão é mais completa e o motor mais suave. Já uso disto há mais de 10 anos, e conheço quem os use há mais de 20, sem qualquer queixa e com uma diferença considerável no desempenho dos carros, a começar logo pelo arranque em frio.
Estes amplificadores são bastante bem feitos e podem funcionar com qualquer tipo de distribuidor (platinados, magnético, óptico), por isso não é preciso ter uma conversão XPTO para funcionar. O que recomendo é uma bobine em condições que possa aguentar o desempenho potentíssimo, as originais que eu usava meteram a reforma ao fim de 3-4 anos porque o isolamento já não aguentava mais. E escusado será dizer que antes disso o primeiro passo é ter cabos de velas modernos em vez dos tradicionais de núcleo de cobre, pois nada disto tolera essas ligações mal isoladas.