Carburadores De Mota Vs. Carburadores Duplos

Márcio Gariso

YoungTimer
É um assunto que gostava de ver debatido aqui.
Uns carburadores de mota, seja de uma CBR600 ou R1, ficam sempre mais em conta do que os típicos webber ou dellorto duplos.
Em UK usa-se muito os carburadores de mota em todo o tipo de motor, por cá é raro, alem disso, faz-se um colector para estes carburadres com relativa facilidade.

O que dizem vocês?
 

António Barbosa

Red Line
Portalista
Num Mini com cabeça de 8 janelas (4 de admissão e 4 de escape em vez da vulgar 5 janelas 2 de admissão e 3 de escape) é comum utilizar carburadores de mota Amal. Só são utilizados em competição pois as cabeças de 8 janelas são caras e exigem árvore de cames exclusiva, quanto aos carburadores como não têm arranque a frio tornam quase obrigatório um tempo de aquecimento do motor até o ralenti estar minimamente estabilizado. Há uma história de partir a rir de uma viagem de um grupo de ingleses nos seus Minis pela Europa, e no parque de estacionamento de um hotel creio que na Alemanha foram banidos pelas ruidosas tentativas de pôr um Mini de cabeça de 8 janelas com Amals a trabalhar com temperaturas exteriores perto dos zero graus...
 

Eduardo Relvas

fiat124sport
Premium
Caro amigo,

O problema básico deste tipo de carburação é a questão da aplicação ser completamente diferente. Os carburadores de mota têm uma afinação e débito adequados a um motor radicalmente distinto da maioria dos motores automóveis.

A utilização de uma carburação deste tipo será adequada quando o perfil do motor se assemelha ao original. Quando me refiro a isto, estou a falar em came(s), compressão, relações de diâmetro e curso de pistão, perfil de escapes, etc. Todo o motor é uma orquestra, e tem de se ter os "instrumentos" todos afinados em sintonia, senão o resultado é uma cacofonia.

Além disso, tem sempre a velha questão: é para usar o carro em estrada ou é só para brincar? É que uma afinação deste tipo torna o carro quase intratável em estrada, e nem pensar em trânsito... todo o regime baixo vai embora com carburadores grandes, e se forem pequenos tem baixas mas depois sofre de falta de ar em altas rotações.

Um motor de mota não tem de ter um binário alto para carregar com o peso de um automóvel, por isso os regimes baixos são sacrificados em função de um bom desempenho em alta rotação. O motor é muito solto e rotativo, enquanto o motor do automóvel normalmente é mais alinhado pela necessidade de ter bom binário, e com um volante pesado para manter a linearidade de funcionamento a regimes baixos. São situações diametralmente opostas.

Para fazer isto encontrar-se algures pelo meio, exige muitas alterações a nível de motor no carro, e mesmo assim muitas vezes torna-se imperativo alterar algum do perfil dos carburadores para corresponder. Tudo isto torna o exercício provavelmente mais caro que adaptar carburadores já adequados aos motores de automóvel, embora mesmo esses só tenham um bom desempenho se a especificação do motor estiver à altura, mas já não se torna necessário algo de tão radical.

Espero ter ajudado... um abraço!
 

Carlos Vaz

Pre-War
Ora aqui está um tema que a meu ver é extremamente interessante!
Até porque o "projecto" que ando a congeminar na minha cabeça, poderia passar pelo uso deste tipo de carburadores!
O Eduardo colocou aqui alguns "entraves" que têm lógica e fazem sentido, no entanto tudo o que tenho lido sobre o assunto não segue essa linha!
Aparentemente bastará alargar o difusor principal e estão preparados para trabalhar em motores que vão de 1.6 até 2.0... terá que se usar uma bomba com regulador ou a bomba original da moto, para que não vença a "inercia" das boias e ande a mandar gasolina para fora!
Claro que isto é muito usado no UK, onde parece ser barato a compra destes carburadores... se calhar aqui, já não é assim...

Uma das aparentes vantagens, está na afinação mais "constante" face aos tradicionais 2 duplos e uma subida de regime ligeiramente mais viva... do ponto de vista de performançe pura, não farão nada que a receita tradicional não faça... no fundo depende muito da facilidade e preço com que se arranja um conjunto destes! No entanto, gostaria mesmo muito de conhecer quem já usou esta receita, que isto do "ouvi de um fulano que tinha uma tia, cujo filho tinha um sogro, que tinha um compadre..." não me costuma satisfazer! Há ou não por aqui, quem use esta "receita"?
 
Isto é muito bonito, abre-se os gicleurs, faz-se os coletores e chega à hora de afinar e não é qualquer um que mexe naquilo, ora porque se percebe de motas e não se quer mexer em carburação de carros, ou percebe-se de carros e mete-se as mãos à cabeça a olhar para a rampa de carburadores, ou então porque são 4 carburadores independentes e não se consegue tocar quatro instrumentos ao mesmo tempo.
Eu já usei, e notei diferenças, as rotações sobem bem, mas não encontro grande diferença para os 2 coletores duplos, provavelmente por nunca ter tido uma afinação correcta.
Na verdade ainda sonho em um dia voltar a experimentar os de mota, mas na atualidade, dou preferência aos duplos, até porque, por serem originais com tapa dos filtros em chapa e coiso e tal, não terei problemas na hora da inspecção nem numa possível operação stop, ao contrário dos de mota, e isso é um factor que para mim conta muito.
 

Carlos Vaz

Pre-War
Oh Nuno, mas vamos lá a ver uma coisa: de tudo o que li sobre a matéria, já percebi que em termos de rendimento pouco ou nada haverá a ganhar em relação ao tradicional set up de 2 duplos.
Daí que eventualmente não tenhas sentido grandes melhorias. A questão prende-se mais com ser mais económico arrancar para isso do que para os 2 duplos.
A minha pergunta está aqui: assumindo que não há grandes vantagens em termos de rendimento, há ou não desvantagens?
E neste momento, em que me dizes que já usaste, és o meu melhor testemunho :) .
Por outro lado, quando dizes que ainda sonhas a voltar a essa solução, então é porque lhe encontraste alguma valia!
 
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